Nanquim, Som & Fúria # 38

Beto Mejía

Conheci o Beto no colegial. Mudei de escola da quinta para a sexta série. Sai de um colégio católico não muito grande e fui para um dos maiores colégios de Brasília, o Sigma. Me sentia bem deslocado por lá. Estava acostumado com pessoas de famílias mais humildes como a minha e, de repente, estava em meio a um monte de ‘patricinhas e mauricinhos metidos a besta’ de classes mais favorecidas da sociedade. No meio daquele monte de ‘mauricinho metido a besta’ tinha uma pessoa sempre com o astral lá em cima, passando uma energia boa para todos ao seu redor, dessas pessoas que deixam qualquer ambiente mais acolhedor. Era o Beto, quase sempre um sorriso no rosto. E, volta e meia, ele aparecia com sua flauta, hipnotizando e afogando qualquer vestígio de baixo astral que houvesse por perto.

O tempo passou, e sempre fiquei na torcida para que o Beto se tornasse um grande músico. Não deu outra. Hoje em dia ele é integrante, junto com outros amigos, do ótimo Móveis Coloniais de Acaju, orgulho do pop-rock atual da minha terrinha.

Agora o Beto se aventura em um projeto solo. Lindo de morrer desde o singelo título: Abraço. Trata-se de um EP com sete músicas com um tom mais intimista que o festeiro som do Móveis. São sete músicas que celebram aqueles momentos preciosos ao lado de quem se ama. Um ode às pequenas epifanias da vida. ‘Só alegria’, como diria o próprio.

E esta belezura de  ‘Abraço’ é de graça, como um sorriso. Confiram: http://betomejia.com.br/

Gibicon 2012

Olá pessoal,

Primeiramente, vou explicar o que houve para os que visitaram aqui por estes dias. Meu blog foi hackeado e por isso esteve fora do ar por alguns dias. Por pouco não perdi boa parte do conteúdo, mas felizmente conseguimos consertar e recuperar os dados. Agora vamos às coisas boas que realmente interessam: a Gibicon em Curitiba foi sensacional!

Devo falar isto antes, curitibanos, parabéns por sua cidade. Ainda não conhecia a cidade, mas é, sem dúvida, a capital mais limpa e bem organizada que já conheci no Brasil. Ah, se o Brasil inteiro seguisse o exemplo e cuidasse tão bem de seus centros urbanos assim…

A Gibicon segue o modelo de Angoulême na França e espalha as atrações por diversos pontos da cidade em vez de concentrar tudo em um só lugar. Achei estranho no começo, mas depois vi como isto envolve mais a cidade com o evento. Só São Pedro poderia ter colaborado um pouco e não ter mandado até um pouco de granizo sobre nossas pobres cabecinhas.

O evento foi exemplar no trato aos artistas. Fomos todos muitíssimo bem recepcionados por uma calorosa e empolgada equipe, além de nos terem hospedado em um baita hotel, o Bourbon.

Na quinta-feira, teve a festa de abertura das exposições no Solar do Barão. Fizeram um ótimo trabalho e montaram belas exposições sobre os 30 anos de Gibiteca (a primeira do Brasil), a Grafipar (editora pioneira de Curitiba), Sergio Bonelli (bela homenagem a este grande mestre italiano), Liberatore (e suas artes de cair o queixo), Isabel Kreitz (talentosíssima autora alemã ainda inédita no Brasil), Comics on Top (autores que publicam no mercado norte-americano como Renato Guedes e Joe Bennet) e a nova safra de autores da cidade.

Na sexta-feira, dia 26, participei de um ótimo debate sobre os novos rumos do quadrinho nacional na companhia dos autores Galvão, Vítor Cafaggi e Eduardo Medeiros. O Danilo Beyruth também iria participar, mas o avião dele não chegou a tempo. A mediação ficou por conta da pesquisadora e minha ex-professora Sonia Luyten. A sala do belíssimo prédio do Sesc Paço da Liberdade estava cheia e a conversa rolou solta sobre novas formas de publicação, as novas portas que se abriram de uns anos para cá, a situação do mercado, o que tem de ser melhorado e etc.

Ainda na sexta, rolou uma sessão de autógrafos comigo, com o Will e com o Gustavo Machado no Memorial de Curitiba. O Eduardo Risso também participaria desta sessão, mas infelizmente cancelou sua ida ao evento por conta de problemas de saúde (parece que trombose pelo que me falaram, espero que ele melhore). Apesar da ausência do artista argentino, a sessão foi bem prazerosa e fiz um monte de retratos.

No sábado já tive que voltar para São Paulo. Nem consegui ver tudo do evento. Haviam muitas outras exposições, mostras de filmes, oficinas palestras e debates espalhados por Curitiba. Inclusive houve muitas coisas acontecendo no mesmo horário. Sempre haverão choques de horário em eventos como este, mas ainda assim é algo que precisa ser um pouco mais bem pensado nas próximas edições.

Teve também muitos lançamentos nacionais. E da mesma forma como aconteceu no FIQ-BH ano passado, o maior volume de novidades ficou por conta de artistas independentes. Alguns eu ainda não conhecia pessoalmente ou havia conversado apenas brevemente em outros eventos. É sempre um prazer enorme conhecer sangue novo, rever amigos de profissão e conferir como a produção nacional está cada vez maior e melhor. Tive um belo prejuízo no bolso, mas vou ter leitura boa garantida por um bom tempo.

Enfim, deu gosto de ver um evento deste porte tão bem organizado. Parabéns a todo mundo da organização e que venham muitas outras Gibicons!

Nanquim, som & Fúria #37

Cat Power

Cat Power

Chan Marshall já tem cerca de 20 anos de estrada e tem sido uma das cantoras e compositoras mais intensas desde que apareceu em cena. Marshall já chegou a sofrer de depressão com tendências suicidas, mas sempre soube usar sua dor para escrever músicas pungentes e gravar discos memoráveis. Em seus primeiros trabalhos, misturava rock, blues e folk. Em seguida, adotou uma forte influência de soul music em The Greatest. Já agora, assimilou elementos de música eletrônica para produzir seu trabalho mais radiante, Sun (2012). É o mais próximo que ela já chegou de escrever música pop, e ainda assim, diferente de tudo que toca nas rádios atualmente. Um dos grandes e imperdíveis lançamentos do ano:

Gibicon

Gibicon

Mês que vem estarei presente na segunda edição da Gibicon em Curitiba. Irei como convidado e participarei de um debate sobre os novos rumos do quadrinho nacional muitíssimo bem acompanhado dos quadrinistas Eduardo Medeiros, Galvão, Danilo Beyruth e Vitor Cafaggi. A mediação ficará por conta de ninguém menos do que Sonia Luyten, uma das maiores pesquisadoras da área no Brasil.

Além disso, também farei uma sessão de autógrafos no mesmo dia. Confiram:

  • 26/10 – 13H30 – PAÇO DA LIBERDADE – SALA DE ATOS – MESA Debate: Novos Rumos da HQ nacional, com Eduardo Medeiros, Mario César, Galvão, Danilo Beyruth, Vitor Cafaggi – mediação: Sonia Luyten
  • 26/10 – 17h – Mezanino do Memorial de Curitiba – Sessão de Autógrafos – Isabel Kreitz/ Will/ Mário César/ Gustavo Machado/ Eduardo Risso

A Gibicon promoverá uma série de debates, exposições, palestras, oficinas e lançamentos com grandes nomes do quadrinho nacional e internacional. A programação completa pode ser conferida no site do evento: http://gibicon.com.br/

Compareçam!

EntreQuadros - Círculo Completo

Nanquim, Som & Fúria #36

Thiago Pethit

Thiago Pethit

Um dos bons nomes da nova safra de artistas brasileiros, Pethit acabou de lançar seu segundo disco, “Estrela Decadente”, com produção caprichada do onipresente Kassin. É uma bela evolução do pop retrô e ensolarado de sua estréia (o elogiado “Berlim Texas”) em direção a temáticas mais lúgrubes e densas. Ele mistura com elegância a estética dos cabarés franceses ao pop-rock de nomes como David Bowie, Elton John, Feist e a Serge Gainsbourg. Coisa fina e que pode ser baixada gratuitamente em seu site: http://www.thiagopethit.com.

Nanquim, Som & Fúria #35

Patti Smith

Patti Smith

Lenda viva e uma das grandes poetisas do rock, Patti Smith consegue se manter moderna e atual como poucos artistas. E ela consegue isto pelo simples fato de continuar curiosa. Seu disco mais recente (Banga) é reflexo disso. Sonoramente não há muita coisa de diferente do restante de sua discografia. É basicamente o mesmo rock setentista e as poesias recitadas que a consagraram, mas também é uma obra com o mesma efervescência de quando compôs seu disco de estréia (Horses). Desta vez, no lugar da jovem inspirada por Arthur Rimbaud, William S. Burroughs, e Bob Dylan, há uma mulher madura fascinada por Tarkovsky, Gogol, Mikhail Bulgakov e Amy Whinehouse. E é desta emoção da descoberta que vem o frescor de seu trabalho. Patti nos lembra que haverá bons livros que não foram lidos, grandes discos que não foram ouvidos, tabus que podem ser transgredidos e novos lugares ainda não explorados. E, como se não bastasse, ela está cantando melhor do que nunca.

Nanquim, Som & Fúria #34

Tatá Aeroplano

Tatá Aeroplano

Tatá é velho conhecido de quem acompanha a cena independente de São Paulo. Já esteve à frente das bandas Jumbo Elektro e Cérebro Eletrônico e está sempre fazendo parcerias com outros artistas. Acabou de lançar seu primeiro disco solo, um trabalho que o firma de vez como grande narrador do underground paulistano. Letrista de mão cheia, usa as histórias da noite paulistana como matéria-prima, brinca inteligentemente com as palavras e versa sobre o amor de forma crua, honesta e rasgada. Fiquem abaixo com duas pérolas de seu disco, que pode ser ouvido e baixado gratuitamente em seu site. Confiram lá: http://www.tataaeroplano.com/site/

Nanquim, Som & Fúria #33

Frank Ocean

Frank Ocean

Frank Ocean começou a carreira escrevendo anonimamente músicas para outros artistas como e ano passado lançou uma mixtape com suas composições: Nostalgia/Ultra. O trabalho fez barulho, recolheu inúmeros elogios e lhe rendeu convites para colaborações nos trabalhos mais recentes de artistas do porte de Kanye West, Jay-Z e Beyoncé. Desde então, seu debut propriamente dito ficou cercado de expectativas, pois não são poucos os que começaram a o apontar como o talento mais promissor da atual geração de artistas de Hip Hop, Soul e R&B.

As expectativas aumentaram ainda mais quando, às vésperas do lançamento de seu disco, ele soltou uma belíssima carta na qual ele tornou pública sua orientação sexual. Marketing ou não, em um universo tão machista quanto o do Hip Hop norte-americano, no qual tantos cantores ainda maltratam suas mulheres como potrancas, sua carta, além de uma amostra do talento de Ocean com as palavras, mostrou sua coragem e honestidade como artista.

Eis então que ele lança seu aguardado disco: Channel Orange. E as expectativas não foram apenas correspondidas, foram superadas. E com louvor. Frank faz R&B, Soul, Hip Hop… tudo isso e mais um pouco muito bem dosado, extremamente bem escrito e brilhantemente cantado. Cada música é uma pequena grande crônica: noites solitárias na qual o taxista vira terapeuta, jovens ricos com vidas vazias, a praia no qual ele se apaixonou por outro homem, tudo vira material para suas inspiradas letras. Um trabalho lindo de doer e digno dos grandes mestres do gênero como Ray Charles, Prince, Marvin Gaye, Outkast e Stevie Wonder.

Fiquem abaixo com o primeiro single deste discaço e uma perfomance ao vivo arrebatadora:

Little Heroes in USA!

Ficou pronta!!!!

Little Heroes

Acabou de sair da gráfica a edição impressa de Pequenos Heróis para o mercado norte-americano. O álbum já foi publicado no Brasil pela editora Devir, faturou o Troféu HQ Mix 2010 de Publicação Infanto-juvenil e também foi eleita como Melhor Graphic Novel Nacional (voto popular) no Tchananã Awards do site Judão.

A editora 215Ink já havia disponibilizado a versão digital em lojas como o Graphicly, a Fnac, o TFAW há algum tempo, mas só agora vai para as comic shops e convenções em formato impresso.

Com roteiros de Estevão Ribeiro e arte de Mário César (este que vos fala), Raphael Salimena, Vítor Cafaggi, Jaum, Rick Milk, Dandi, Fernanda Chiella, Emerson Lopes, Leonardo Finocchi, Davi Calil e Anderson Nascimento, Pequenos Heróis é uma das mais singelas e sinceras homenagens ao gênero super-heróis já feitas no Brasil.

Um álbum sobre como o heroismo pode emergir das ações mais pequenas quando seus valores são tão épicos quanto as grandes realizações dos antigos heróis gregos e dos super-heróis modernos e, ao mesmo tempo, presta uma homenagem a super-heróis clássicos que há décadas encantam tanto crianças quanto adultos como Super-Homem, Batman, Mulher-Maravilha, Lanterna Verde, Aquaman, Flash, Caçador de Marte e Canário Negro.