Um pedaço de papel

Charge para o Jornalistas & Cia

A história dessa semana é de Moacir Assunção, que nos conta da época em que trabalhou no caderno Cidades do extinto Diário Popular (hoje Diário de S.P.).

Moacir foi cobrir a história de um grupo de pessoas da favela sob a ponte de Vila Maria que estavam “alojados” precariamente em um espaço cultural do Conjunto Habitacional José Bonifácio.

Desceu do carro da reportagem e foi abordado por um senhor grisalho de traços nordestinos: “Moacir, você veio, eu tinha certeza de que você vinha ajudar a gente. O pessoal do Estadão e da Folha não adianta chamar que eles não vêm de jeito nenhum, mas vocês do Diário aparecem sempre”. Espantado, Moacir perguntou se o senhor o conhecia e ele respondeu que foi ele quem havia ligado para o jornale, pois havia guardado o telefone dele em um pedacinho de papel, já amarrotado e com a tinta gasta, da última vez em que ele estivera no local.

Emocionado, Moacir constatou a situação precária daqueles cidadãos e fez uma matéria denunciando o cruel descaso. Não saiu nada nos jornais concorrentes, mas a matéria teve boa repercussão nas rádios e dois dias depois saiu algo nos outros veículos diários.  Pressionada, a Prefeitura resolveu, dias mais tarde, retirar aquelas pessoas dali e arrumar outro lugar com um mínimo de dignidade para elas se instalarem.

Bom jornalismo pode ajudar.

Nanquim, Som & Fúria # 16

Lucas Santtana

A primeira vez que tive contato com a música de Lucas Santtana, foi em 2000, no disco Sol da Liberdade da Daniela Mercury no qual havia uma música intitulada Itapuã @no 2000. Era uma canção alienígena no corpo do disco, mais vanguardista e ao mesmo coerente com o canibalismo de digerir e incorporar influências estrangeiras para criar coisas novas que a Daniela sempre buscou em seu trabalho. 12 anos depois, o som de Lucas Santtana ainda tem o mesmo frescor daquela época, isso porque ele tem conseguido evitar habilmente a repetição e a mesmice. Ainda não é muito conhecido do grande público, apesar de já ter sido gravado e colaborado com medalhões como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Marisa Monte.

Está lançando agora seu quinto e talvez melhor álbum: O Deus que devasta, mas também cura, repleto de colaborações com outros expoentes da nova cena musical brasileira como Céu, Kassin, Curumin, Gui Amabis e Guizado. O álbum pode ser baixado de graça em sua página no Facebook. Confere lá: http://www.facebook.com/lucas.santtana.official?sk=app_2405167945
Abaixo uma faixa de seu disco anterior (Sem Nostalgia, 2009)

Viagem a Galápagos

Charge para o Jornalistas & Cia

Quem narra esta história é Renato Lombardi, comentarista para os assuntos de segurança e Justiça da TV Record.

Na manhã de uma 5ª.feira, Moacyr Castro, que era chefe de Reportagem do Estadão, contou que iria fazer uma viagem a Galápagos junto com o escritor Rubem Fonseca e o então presidente da Varig. A viagem seria no sábado. Todos sabiam do pavor que Moacyr tinha de aviões. Mas ele estava disposto a enfrentar. Disse que iria se preparar, tomar remédio e encarar. Afinal, um dos seus sonhos era conhecer as Galápagos (ou Arquipélago de Colombo), um grupo de 58 ilhas, das quais apenas quatro são habitadas, no Oceano Pacífico, a aproximadamente mil quilômetros a oeste da costa do Equador. Algumas horas de voo que Moacyr se propusera a enfrentar.

Na 6ª.feira, já com o Moacyr em casa se preparando para a viagem, a redação da editoria de Cidades fez um bolão. As apostas eram: vai entrar no avião em Congonhas; vai conseguir passar do Rio de Janeiro; ou vai em frente e chega a Galápagos.

Apostas lançadas, esperaram pelo sábado, o grande dia. O homem entrou, como dizem em Marília de “mala e cuia” na aeronave com destino ao Equador, com escala no Rio de Janeiro, onde subiria Rubem Fonseca. Decolagem perfeita, tempo bom, céu de brigadeiro, e o Moacyr até que encarou o primeiro solavanco. Mais alguns minutos de voo e ele começou a sentir tontura, enjoo, a sensação de desmaio.

O presidente da Varig, ao lado, tentou confortá-lo. Mas quem disse que aquele jornalista de 1,90 m de altura, ainda de barba preta com poucos fios brancos, respondia. Moacyr ficou paralisado. Não conseguia se mexer na poltrona. O comandante foi chamado por uma das comissárias. E Moacyr continuava paralisado. Apareceu um médico e nada do jornalista melhorar. O voo de 45 minutos até o Santos Dumont foi um martírio. Quando o avião desceu, o comandante disse que naquelas condições Moacyr não continuaria a viagem. O presidente da Varig tentou convencer o comandante, tentou fazer prevalecer a hierarquia, e nada. Moacyr Castro, do alto do seu 1,90 m, continuava imóvel. Precisou ser carregado do avião até o saguão. Em terra firme, começou a melhorar. Passou a sensação de desmaio, voltou a sentir os braços e as pernas.

Agradeceu ao presidente da Varig, pediu desculpas por atrapalhar a viagem, e disse que iria para a sucursal do Estadão para se restabelecer porque voltaria de ônibus para São Paulo. E foi o que aconteceu. A cor rosada de sua pele voltou. O levaram para almoçar. No fim da tarde estava de volta a São Paulo num ônibus do Expresso Brasileiro.

A maioria ganhou a aposta. Todos sabiam que, apesar de querer muito conhecer o arquipélago, ele não conseguiria viajar. Os mais céticos chegaram a apostar que ele nem entraria no avião em Congonhas. Renato foi um deles.

Grande Moacyr, que mora em Ribeirão Preto e continua andando de carro, pilotado pela Teresa Flora. E de ônibus, claro.

Nanquim, Som & Fúria # 15

Kassin

Kassin é mais conhecido por ser um dos melhores produtores musicais do Brasil. É uma dessas adoráveis figuras loucas que acabam abrindo novos horizontes no meio de sua insanidade. É ele quem assina a produção de alguns dos principais discos brasileiros da década de 2000 como: Ventura e 4 dos Los Hermanos, do Caetano Veloso, Sim da Vanessa da Mata e os três discos do projeto +2, Futurismo, Máquina de escrever música e Sincerely Hot dele do Moreno Veloso e do Domenico respectivamente. Também já trabalhou com Jorge Mautner, Thalma de Freitas, Mallu Magalhães, Adriana Calcanhoto entre tantos outros. Como se isso já não bastasse, ainda integra a big band Orquestra Imperial e também é compositor. Já fez até trilha sonora, a convite de Shinichiro Watanabe (autor de Cowboy Bebop e profundo conhecedor de música brasileira), para o desenho animado japonês Michiko to Hatchin. Ano passado lançou um segundo disco solo intitulado Sonhando Devagar, que tem, entre outras preciosidades, esta pérola abaixo:

Confiram também esta de seu primeiro álbum:

Essa Coca é Fanta

Charge para o Jornalistas & Cia

História enviada por  Sandro Villar, correspondente do Estadão em Presidente Prudente.

“Tem sujeito que não pode ver um rabo de saia que logo dá um jeito de se aproximar da mulher, sem medir as conseqüências. Um cara assanhado – ou tarado mesmo –, quando se trata de saia, só dispensa padre e escocês. Mas, dependendo do modelo da batina e da saia, padre e escocês também correm risco. Um famoso colunista de jornal tinha fama de Casanova, embora já fosse Casavelha. Sabem como é: a idade chega para todos, exceto para a Vera Fischer. Seu nome e o veículo serão preservados por motivos óbvios. Ele – o colunista em questão – não podia ver mulher, ficava ouriçado e partia para a conquista. Como aquela vez no centro de São Paulo, depois de almoçar com diretores do jornal onde escrevia e onde desfrutava de enorme prestígio. Encurtando conversa: o nosso herói tinha um Ibope alto, quer dizer, era muito lido pelos leitores.

Depois do almoço num restaurante chique da avenida São Luiz, que não sei se ainda existe, Dodô (chamemo-lo assim) se despediu dos diretores e foi dar uma volta pelo centro para fazer a digestão. Logo depois de entrar na avenida Ipiranga, deu de cara com uma baita loira, tipo Kim Novak, para os mais velhos, ou tipo Kim Bassinger, para a moçada contemporânea. Comparações não interessam muito nessa narrativa, mas que a mulher era de fechar o comércio e a indústria lá isso era. Ou mais que isso: era dessas de fazer rei abdicar e pastor abandonar o púlpito. Não só Dodô como também qualquer homem, seja metrossexual ou centimetrossexual (já tem isso?), tentaria conquistar a loira em questão.

Como não era bobo nem nada, ele percebeu que ela, apesar de não ser gandula, tinha dado bola e a maior trela. “Essa está no papo”, deve ter pensado. Dodô se aproximou, puxou conversa e, papo vai papo vem, confirmou que a moça estava mesmo no papo. A mulher não fazia o gênero loira burra. Ao contrário, ela sabia das coisas e estava por dentro dos acontecimentos. Ficou encantada quando Dodô se identificou e, para espanto dele, ela o lia no jornal. Na verdade, o colunista conheceu uma fã de carteirinha, o que facilitou a conquista. Depois de uns dez minutos de prosa, ele fez a proposta nada indecente. Convidou-a para passar umas horas num drive-in que ficava em Interlagos. E aqui cabe um esclarecimento necessário: naquela época ainda não havia motéis em São Paulo, e conquistador que não tinha apartamento levava a mulher ao drive-in.

Com o “sim” dela, concordando com o chamado hoje em dia de sexo consensual, Dodô ligou o carro e lá foi o casal desfrutar de umas horas de prazer. Assim que entrou no drive-in, Dodô esclareceu à moça que não podia ficar a tarde toda com ela, já que precisava voltar ao jornal para escrever o artigo do dia seguinte. Aí veio a atendente e colocou, em cada porta do carro, as bandejas dos drinques e salgadinhos. E depois? Bem, aí a cuíca começou a roncar. Houve as preliminares de praxe, com mil beijos (está bem, deixo por 999) e amassos.

Mas, na hora do pega pra capar, Dodô teve uma surpresa desagradável, assim como os americanos tiveram em Falujah, no Iraque. Ao pôr a mão na Zona do Agrião, ele apalpou um “taco” ou uma “caixa de câmbio”, se vocês preferem tais epítetos para o bilau. Em suma, meus cupinchas: a “mulher” era um travesti. Transtornado, fora de si, ele enxotou o travesti, deu ré e saiu em disparada do drive-in sem pagar a conta. Só que, ao passar pela avenida Interlagos, notou que os transeuntes olhavam para o carro e davam sonoras gargalhadas. Em suma: as pessoas morriam de rir. É que, na confusão, Dodô se esqueceu de retirar as bandejas e, com o equipamento, o automóvel parecia um avião prestes a decolar. Só depois de andar um bom trecho é que ele percebeu a mancada. Parou o carro, jogou as bandejas fora e foi para o jornal. Contou o episódio a um primo e, segundo o parente, Dodô está menos assanhado, mesmo que dele se aproxime uma loiraça, como aquela da avenida Ipiranga. Afinal, as aparências enganam e “ela” pode ser ele, que ainda não fez operação para mudar de sexo.”

Certa vez, no Diário…

Charge para o Jornalistas & Cia

História enviada pelo Milton Saldanha sobre a época em que trabalhou no Diário do Grande ABC.

Aconteceu durante a edição do extra especial de cobertura do final da Copa do Mundo de 1970, no México. Foi a primeira vez em que a tevê transmitiu a Copa ao vivo. A transmissão por satélite era uma novidade. O Brasil tinha um time invencível e era franco favorito. A equipe do Diário do Grande ABC resolveu soltar uma edição extra. A idéia era lançar o jornal pronto, nas mãos de um batalhão de jornaleiros, meia hora após o fim do jogo, no máximo. Os moleques, mais de cem, iriam com os jornais nos braços para os burburinhos dos festejos nas ruas. Durante a semana inteira fizeram o jornal, com matérias retrospectivas etc.. Na capa pré-montaram um jogador erguendo a taça. E montaram até o texto da matéria de capa, que já tinha manchete pronta, com buracos para detalhes do jogo, resultados etc.. Ou seja, em menos de dez minutos a finalizariam tudo, baixariam para a oficina, que já tinha o jornal todo pronto, faltando só a capa, e… Seria um sucesso!

Ah, e teriam fotos do jogo, dos gols, em primeira mão. O fotógrafo da equipe, Pedro Martinelli, colocou um tripé na frente da tevê e fez as fotos dali mesmo. Reveladas e ampliadas, pareciam radiofotos, muito usadas na época. Quebravam o galho perfeitamente. Durante a semana ele havia feito testes, avaliando os resultados, estudando o melhor ajuste da máquina, tudo. A redação toda em volta, torcendo, gritando, e o Pedro ali, clicando e também torcendo.

Quando o jogo acabou, o batalhão de jornaleiros estava na porta da oficina, aguardando. Mal o juiz apitou e mergulharam nas velhas Olivetti, teclando com fúria. Todo mundo correndo, parecia fechamento de jornal em tevê. Até o boy estava instruído a seguir correndo para a oficina, no sentido literal, com a lauda do texto.

Alguém imagina o que aconteceu?

A luz apagou geral no bairro. Ficaram sem energia. Desesperados, e sem energia para mover as possantes linotipos, o chumbão, como eram chamadas.

Todo aquele esforço de uma semana, toda aquela correria, tremendo esquema de mobilizar jornaleiros numa época em que isso não existia mais, as vendas eram em bancas, muita adrenalina para… Sermos derrotados por um pedaço de fio.

A luz demorou quase uma hora para voltar. E ainda faltava rodar a capa. Não adiantou ligar desesperadamente para a Cia. de Força. O jornal foi para as ruas, mas sem o impacto dos primeiros minutos, para surpreender o povo, como haviam planejado nos mínimos detalhes.

Os Desbravadores

A Pandora Escola de Arte comemora Dia do Quadrinho Nacional com exposição ‘Desbravadores’, que reunirá obras de mais de 40 quadrinistas brasileiros em Campinas

 30 de janeiro, dia do quadrinho

30 de janeiro é o Dia do Quadrinho Nacional e Campinas, reconhecida em todo Brasil como um grande celeiro de quadrinistas, não poderia deixar de render suas homenagens à data: de 28 de janeiro a 24 de fevereiro, mais de 40 artistas de todo país terão suas obras expostas na Exposição “Desbravadores”, no Espaço Cultural Pandora (Cambuí).

“O Dia Nacional do Quadrinho é uma homenagem a Angelo Agostini, pioneiro das HQs que publicou a primeira história em quadrinhos brasileira em 30 de janeiro de 1869. Por essa razão, a ideia da exposição é homenagear outros desbravadores da área, reunindo artistas de Campinas e de todo o país”, diz Mário Cau, um dos curadores da mostra e ele mesmo um quadrinista expositor (entre outros trabalhos, o autor de Pieces foi um dos convidados deMSP+50, de Maurício de Sousa).

 Dalcio Machado, por exemplo, terá exposta a caricatura de Chico Buarque que venceu oSalão de Piracicaba em 1999 e iniciou um novo estilo de fazer caricaturas no País, com mais atenção à textura e detalhes da pele dos caricaturados. Além disso, o autor que teve sua primeira charge publicada em jornal aos 16 anos foi um dos primeiros brasileiros a desbravar – e vencer – um grande número de salões internacionais.

Estevão Ribeiro, autor de Os Passarinhos, representa os pioneiros das tiras publicadas em blog. Os personagens do carioca Ribeiro fizeram tanto sucesso que também já viraram duas coletâneas impressas e até bichinhos de pelúcia. Recém-homenageado com o prêmio mestre dos quadrinhos, Bira Dantas é um dos pioneiros do quadrinho sindical e da presença brasileira em países como a Coréia, por exemplo.

DJota Carvalho trouxe os quadrinhos regionais de volta para  as páginas do Correio Popularde Campinas em 2011 e, após sete anos de tiras diárias no impresso, desbravou outro terreno: as tiras no site Educacional Correio Escola, focadas para o professor e trabalhos em sala de aula. Eduardo Ferigato (junto com Marcela Godoi) foi um dos primeiros a conquistar o ProAc (Programa de Ação Cultural do estado de SP) com a revista Fractal, até então bancada com recursos próprios,  e é o primeiro desenhista brasileiro fixo a produzir o personagem Fantasma, o Espírito-que-Anda. Laudo Ferreira foi o primeiro brasileiro a produzir uma Graphic Novel realista sobre a vida de Jesus (Yeshua). E assim por diante.

“De certa forma, todo quadrinista é um desbravador, pois ainda que o mercado tenha melhorado muito no Brasil e a Internet tenha aberto um novo espaço para a nona arte, ainda é muito difícil levar quadrinhos, cartuns, charges e caricaturas ao grande público. Então esta exposição é uma homenagem justa ao Dia do Quadrinho e a quem se dedica a este tipo de arte no Brasil”, pontua Ricardo Quintana, do Espaço Cultural Pandora.

A exposição terá trabalhos de André Leal (São Jorge da Mata Escura), Bira Dantas(Tatuman), Carriero (Brasiu), Caeto (Memória de Elefante), Caio Majado (3 Tiros, 2 Otários; Consequências), Caio Yo (Caraminhola), Catia Ana (O Diário de Virgínia), Danilo Beyruth (Necronauta), Davi Calil (MSP Novos 50), Denis Mello (Beladona, Saidêra), Digo Freitas (Esboçais), DJota Carvalho (Só Dando Gizada), Eduardo Ferigato(Fractal/Fantasma), Estevão Ribeiro (Os Passarinhos), Felipe Nunes (SOS), Flávio Luiz (O Cabra), Fred Hildebrand e Ana Recalde (Patre Primordium), Giorgio Galli (Salomão Ventura), Hugo Nanni (Clube da Voadora), João Azeitona (Zine Supreme), Laudo Ferreira(Yeshua), Leo Finocchi (Nem Morto), Leonardo Maciel (Nabunda Nada), Lu Cafaggi(Mixtape, Los Pantozelos), Magno e Marcelo Costa (Oeste Vermelho),  Mário Cau(Pieces/MSP+50), Mario Cesar (EntreQuadros), Pedro Cobiaco (Bolhas), Raphael DeLatorre / Marcelo Maiolo / Beto Scoob (Fade Out), Raphael Salimena (St. Bastard, Linha do Trem), Samanta Floor (Toscomics), Vitor Cafaggi (Valente, Duo.tone), Vitor Gorino (Cidadão Invisível), Will (Sideralman, Demetrius Dante), Will Leite (Willtirando), Wanderson de Souza e Daniel Esteves (Nanquim Descartável).

A exposição tem entrada franca e fica aberta de segunda a sábado, até 24 de fevereiro de 2012.

Exposição Desbravadores

Quando? 28 de janeiro a 24 de fevereiro de 2012
A que horas? Aos sábados, das 9 às 13 horas
De segunda a quinta, das 9 às 21 horas
Às sextas, das 9 às 18 horas
Onde? No Espaço Cultural Pandora (Rua Joaquim Novaes, 146 – Cambui – Campinas)
Informações: (19)3234-4443

A nova moda em Portugal

Charge para o Jornalistas & Cia

Luiz Roberto de Souza Queiroz, o Bebeto, narra mais uma história, desta vez sobre a época em que trabalhou no Estadão:

“O maior mico que já passei foi na rua do Ouro, em Lisboa, quando descobri que cinco escargots subiam pelo meu paletó, carregando as conchas nas costas e deixando um rastro de gosma brilhante no tecido.

A história vem à mente por causa do Wanderley Midei, que contou na comunidade eXtadão do Facebook que quando foi a Itapecerica da Serra comprar um sítio para criar chinchilas acabou cobrindo a descoberta de uns garotos que pintavam um caminhão com as cores do Exército para o Lamarca [Carlos], que dias depois fugiu com vários fuzis do 4º RI de Quitaúna e se tornou guerrilheiro. A notícia valeu, mas a criação de chinchila não deu certo e nem daria, porque o bicho é complicado, toma banho de talco ou de pó de calcário, não lembro bem.

O relato me lembrou da criação de coelhos que Táta [Gago Coutinho] e eu mantivemos em Mairinque. Chegamos a oito mil coelhos, nos matávamos de trabalhar, era dureza vender os bichos para a Merenda Escolar, as professoras tinham que dizer que era frango ou os alunos não comiam de pena dos bichinhos, era preciso vender as patinhas em formol para o pessoal de Aparecida fazer chaveirinho e o mercado dos coelhos era praticamente um monopólio do Nagi Nahas, por meio da empresa Seleta, com as consequências esperadas.

A Adelia Lopes lembrou, também no eXtadão, que gastou um dinheirão em galinhas “em sociedade com um sujeito que disse entender do assunto; na primeira semana, mil ovos apodreceram; na segunda, gastei uma grana com ventiladores para os poleiros, pois o calor estava matando as galinhas em penca e ia comprar uma revista especializada, mas não deu tempo, porque o sócio sumiu”.

O mico em Lisboa, porém, não teve maiores consequências. Um repórter da Sala de Imprensa da Prefeitura de São Paulo me convenceu a criar escargots, que não existiam no Brasil, e fomos incentivados pelo chefe de reportagem do Estadão José Natal Sartoreto.

Indo a Vouzela, nas montanhas ao Leste do Porto, em Portugal, fiquei encantado com os caracóis nativos que se banqueteavam numa horta de alface e não hesitei: enfiei meia dúzia no bolso. Devia bastar, pensei, pois afinal o molusco é hermafrodita, se enraba a si mesmo, dizia o manual que comprei (não exatamente nesses termos).

O problema é que, em Lisboa, eles migraram do bolso do paletó para a lapela. Passei por americano louco, circulando na área mais chique com aqueles adendos pendurados, mas não desisti.

Os escargots chegaram a São Paulo, onde acabaram comidos por um bem-te-vi, dentro do cercadinho que bolei para eles e onde nunca se reproduziram. Acho que não tinham tesão por si próprios, certamente um problema de carência de autoestima, que Freud explica.”

Nem tudo é verdade

Charge para o Jornalistas & Cia

A história desta semana é uma colaboração de Wanderley Midei, confiram:

“Numa redação como eu as conheci, nem sempre a seriedade está de plantão. Muitas vezes surgem brincadeiras entre colegas ou até alguns trotes passados pelos veteranos para os focas. Quem, da minha época, não se lembra, ou não passou, ou não foi gozado, com a calandra? Era praxe. Foca na redação tinha que ir buscar a calandra. E, às vezes, o chefe da gráfica mandava o novato voltar para a redação e perguntar se era macho ou fêmea… Enquanto isso, a redação ria às escondidas…

Uma vez, eu era editor de Polícia do Estadão, fechamento bravo, todo mundo envolvido. O deadline era severo. De repente, ligo para o jornalista recém-importado de outro Estado, que coordenava as sucursais e correspondentes, e digo que recebi um telefonema dos bombeiros revelando que tinha chovido muito no Litoral Norte e que Ilhabela estava totalmente isolada do continente. “Só se chega de barco lá”, informei, como se fosse um informe passado pela “minha fonte” nos bombeiros.

Era mais de meia-noite. O jornalista-coordenador imediatamente ligou para a casa da nossa Regional no Litoral Norte, provavelmente acordou-a e passou a informação.

Ela não pensou duas vezes. Respondeu: “Mas é claro que só se chega de barco. Ilhabela é uma ilha no oceano…”.

Ninguém riu na redação. Mas todos os olhares estavam dirigidos para a mesa do jornalista-coordenador.

Ele havia recebido seu batismo, embora já fosse veterano na profissão. E agora também já sabia onde ficava Ilhabela.

Minha mãe foi solenemente lembrada pelo colega naquele final de fechamento. Aí sim, todo mundo riu.”