Nanquim, Som & Fúria #20

James Mercer

James Mercer

Quem já viu o filme Hora de Voltar (Garden State), certamente se lembra da cena com a Natalie Portman usando headphones dizendo que conhecer The Shins vai mudar sua vida.  Se isso vai mudar a vida de alguém eu não sei, mas, com certeza, vai ter uma fornecer uma bela trilha sonora. James Mercer é considerado um dos grandes letristas de sua geração e a banda já lançou cinco discos, sendo o mais recente (Port of Morrow) com uma nova formação. Além do The Shins, James Mercer, também tem um outro ótimo projeto: o Broken Bells, em parceria com o produtor Danger Mouse.

Confira aqui o belíssimo clipe mais recente da banda ( The Rifle’s Spiral ) e abaixo outro do disco mais recente do Shins e outra do Broken Bells:

A Dorothy do Narciso Kalili

Charge para o Jornalistas & Cia

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A história, desta vez, é outra contribuição de Sandro Villar para o Memórias da Redação.

Depois de fazer parte da equipe da revista Realidade, Narciso Kalili, que nos deixou já faz algum tempo, levou seu talento, competência e bom humor para a TV Cultura. Na mais importante televisão pública do País, ele e alguns colegas dos tempos da revista, como Mylton Severiano da Silva, o Myltainho, integravam um time de ponta do Jornalismo. No comando, Fernando Pacheco Jordão. Sandro também desembarcou por lá. Chegou à TV Cultura em 1974, em plena dituradura.

Com todos aqueles profissionais oriundos de revistas, o jornalismo da Cultura logo se destacou como um dos melhores da televisão brasileira. Não tinha perfumaria no telejornal Hora da Notícia. Stanislaw Ponte Preta e Millôr Fernandes eram comentaristas do Jornal de Vanguarda, apresentado por El Cid Moreira, que, ao que parece, nunca arriscou o pescoço por nada.

Um dos méritos da equipe do Jordão foi focar os nossos vizinhos. Argentina, Bolívia e Paraguai, quase que completamente ignorados pelos outros canais, sempre davam as caras na Cultura. A concorrência estava mais preocupada em mostrar o que acontecia nos EUA e na Europa. A epidemia de meningite, que teve a divulgação proibida pela ditadura, foi outro assunto que a equipe abordou destemida e abertamente, sem rodeios. A TV Cultura foi o único veículo de comunicação a desafiar a ditadura e alertar a população sobre a epidemia, que fez inúmeras vítimas. Tal “ousadia” custou caro a Narciso e a Georges Bourdoukan, que se revezavam na chefia de Reportagem. Além de demitidos, eles foram presos pela temida Operação Bandeirantes, Oban para os íntimos.

A encrenca começou no Palácio dos Bandeirantes, docilmente a serviço da “redentora de 1º de abril de 1964”. Autor de A incrível e fascinante história do Capitão Mouro, Bourdoukan teve um arranca-rabo com Henry Aidar, então chefe da Casa Civil do governador Laudo Natel. Eles discutiram e aumentaram o tom ao telefone. “O senhor está querendo alarmar a população”, acusou Aidar. Ao que Bourdoukan contra-atacou, soltando os cachorros: “Alarmar não, nós estamos alertando a população” (sobre a meningite). Logo depois o próprio governador Laudo Natel, certamente depois de solucionar todos os problemas de São Paulo, ligou para Georges Bourdoukan. Ele não aceitou a justificativa do jornalista e ameaçou: “Se o senhor continuar com essas reportagens, vai se arrepender”. No dia seguinte, a ameaça se confirmou com a demissão e a prisão. “Ainda bem que sobrevivemos, nós fazíamos jornalismo de verdade em plena ditadura. Eu soube de pessoas que só não morreram (de meningite) graças ao nosso alerta”, contou Bourdoukan a Sandro

E a tal vDorothy do Narciso? Um belo dia Narciso entrou na redação que, àquela hora, estava às moscas e outros insetos. O telefone tocou. Ele atendeu. Na outra ponta da linha, como diziam os locutores de antanho, um jornalista queria saber qual o filme que a TV Cultura exibiria no dia seguinte. Narciso não sabia, perguntou a colegas próximos se sabiam. Não, ninguém sabia. O que fazer? Talvez atônito, ele olhou atentamente a mesa e, entre jornais e papéis, viu o nome Dorothy escrito num papel. E falou pro colega: “Tudo bem, Dorothy”. “Muito obrigado”, agradeceu o rapaz.

No dia seguinte, um jornal paulistano publicou, segundo um amigo nosso, que o filme da Cultura naquele dia era “Tudo bem, Dorothy”. Ainda bem que o jornalista não entrou em detalhes, querendo saber o ator principal (ou atriz), o diretor e etc. Tudo bem, Dorothy parece nome de peça de teatro escrita por Harold Pinter ou Neil Simon.

Depois dessa brincadeira do Narciso, a expressão virou uma espécie de saudação na redação. Quando um colega cruzava com outro não deixava de perguntar: “Tudo bem, Dorothy?”.

E os indicados são…

O Troféu HQ Mix, a principal premiação de quadrinhos do Brasil, publicou a lista definitiva dos indicados ao prêmio deste ano. Após ouvirem as críticas e sugestões em relação à lista dos pré-indicados, chegaram ao resultado final e adivinhem só: recebi duas indicações pela EntreQuadros – Círculo Completo! Uma para a categoria Novo Talento – Desenhista e outra para Novo Talento – Roteirista!

Nem preciso dizer o quanto fico honrado em ter meu trabalho reconhecido e em ser lembrado em uma premiação destas. Fico ainda mais honrado de estar ao lado de tantos artistas que admiro tanto. A cada ano que passa, o HQ Mix fica mais e mais acirrado.

Eu mesmo acreditava que, por falta de gente pra indicar, essas duas categorias às quais fui nomeado deveriam ser fundidas em uma única de Novo Talento. Hoje em dia, mesmo com duas categorias, ainda fica muita gente talentosa e merecedora de nota de fora. Só nestas duas categorias, por exemplo, também mereceriam ser nomeados os incríveis Dalton Soares e Magentaking (EP), Davi Kalil (MSP novos 50, Recreio), Abel (Ditadura no ar), Cristina Eiko e Paulo Crumbim (Quadrinhos A2), Leo Finocchi (MSP novos 50, Nem Morto), Yuri Moraes (Garoto Mickey) entre tantos outros. Isto nada mais é do que um sinal do crescimento em quantidade e qualidade de títulos nacionais nos últimos anos. Que continue assim! Vida longa e próspera para os quadrinhos brasileiros!

Segue abaixo a lista completa dos indicados e não se esqueçam de que a EntreQuadros – Círculo Completo pode ser adquirida com desconto diretamente no site da Balão Editorial: http://www.balaoeditorial.com.br/entrequadros-circulo-completo.html

Adaptação para os Quadrinhos
A Cachoeira de Paulo Afonso (Pallas)
Clara dos Anjos (Cia. Das Letras)
Conto de Escola em Quadrinhos (Peirópolis)
Dom Casmurro (Nemo)
Fahrenheit 451 (Globo)
Fernando Pessoa e Outros Pessoas (Saraiva)
Vigor Mortis Comics (Zarabatana)

Chargista
Angeli (Folha de S. Paulo)
Benett (Folha de S. Paulo)
Dálcio Machado (Correio Popular)
Duke (O Tempo)
Gustavo Duarte (Lance)
João Montanaro (Folha de S. Paulo)
Quinho (Estado de Minas)

Caricaturista
Alan Souto Maior
Baptistão
Cavalcante
Gustavo Duarte
Loredano
Manohead
Thiago Hoisel

Cartunista
Cau Gomes
Dálcio Machado
Duke
Jota AJunião
Junião
Léo Martins
Silvano Mello

Desenhista Nacional
Aloísio de Castro (Carcará)
Danilo Beyruth (Necronauta 2)
Gustavo Duarte (Birds)
Lourenço Mutarelli (Quando meu Pai se Encontrou com o ET Fazia Um Dia Quente)
Marcelo Lelis (Saino a Percurá Ôtra Vez)
Rafael Albuquerque (Tune 8 e Vampiro Americano)
Rafael Coutinho (O Beijo Adolescente)

Desenhista Estrangeiro
Cyril Pedrosa (Três Sombras)
Daniel Clowes (Mundo Fantasma)
David Mazzucchelli (Asterios Polyp)
Jacques Tardi (Era A Guerra de Trincheiras)
Milo Manara (Bórgia – Tudo é Vaidade)
Oliver Copiel (Thor)
Shaun Tan (A Chegada)

Destaque Internacional

Ana Luiza Koehler
Fábio Moon e Gabriel Bá
Ivan Reis
Mike Deodato
Rafael Albuquerque
Rafael Grampá
Ricardo Manhães

Edição Especial Nacional
Encruzilhada (Leya/Barba Negra)
Histórias do Clube da Esquina (Devir)
Morro da Favela (Leya/Barba Negra)
Oeste Vermelho (Devir)
Saino a Percurá – Ôtra Vez (Zarabatana)
Tune 8 (Independente)
Vigor Mortis Comics (Zarabatana)

Edição Especial Estrangeira
A Chegada (SM)
Asterios Polyp (Cia. das Letras)
Daytripper (Panini)
Era a Guerra de Trincheiras (Nemo)
Mundo Fantasma (Gal Editora)
Quando lá Tinha o Muro (Tinta Negra)
Três Sombras (Cia. das Letras)

Editora
Cia. Das Letras
Conrad
Devir
Leya/Barba Negra
Nemo
Panini
Zarabatana

Livro Teórico

A História em Quadrinhos no Brasil – Waldomiro Vergueiro e Roberto Elíseo Santos (Laços)
Ângelo Agostini – Gilberto Maringoni (Devir)
Enciclopédia dos Quadrinhos – Goida e André Kleinert (L&PM)
Faces do Humor, uma Aproximação entre Piadas e Tiras – Paulo Ramos (Zarabatana)
Histórias em Quadrinhos & Educação – Formação e Prática Docente – Elydio dos Santos Neto e Marta Regina Paulo da Silva – Orgs. (Editora Metodista)
Linguagem HQ – Nobu Chinen (Editora Criativo)
Super-Heróis, Cultura e Sociedade – Nildo Viana e Iuri Andréas Reblin – Orgs. (Editora Ideias & Letras)

Novo Talento – Desenhista
André Leal (São Jorge da Mata Escura)
Daniel Og (Yuri, Quarta-feira de Cinzas)
Eduardo Damasceno (Achados e Perdidos)
Lu Cafaggi (Mix Tape)
Mário César (EntreQuadros)
Magno Costa e Marcelo Costa (Oeste Vermelho e Matinê)
Rael Lyra (MSP Novos 50)

Novo Talento – Roteirista
Hector Lima (MSP Novos 50)
Lillo Parra (Sonho de Uma Noite de Verão)
Luís Felipe Garrocho (Achados e Perdidos)
Magno Costa (Oeste Vermelho)
Mario César (EntreQuadros)
Raphael Fernandes (Ditadura no Ar)
Vitor Cafaggi (Valente para Sempre e Duo.tone)

Produção Para Outras Linguagens
Angeli 24h (Documentário)
As Aventuras de Tintim (Filme)
Batman: Ano Um (Longa de Animação)
Capitão América: O Primeiro Vingador (Filme)
O Ogro (Animação)
Pieces (Teatro)
Walking Dead (Série de TV)

Projeto Editorial
1.000 (Barba Negra)
Achados e Perdidos (Independente)
Coleção Fierro (Zarabatana)
Coleção Ópera em Quadrinhos (Ática/Scipione)
Cripta (Mythos)
Graffiti 76% Quadrinhos #21 (Independente)
MSP Novos 50 – Mauricio de Sousa por 50 Novos Artistas (Panini)

Publicação De Aventura/Terror/Ficção
Birds (Independente)
Combate Inglório (Gal Editora)
Cripta (Mythos)
Fábulas (Panini)
Fierro Brasil (Zarabatana)
J. Kendall: Aventuras de uma Criminóloga (Mythos)
Os Mortos-Vivos (HQM Editora)

Publicação De Clássico
Agente Secreto X-9 (Devir)
Arzach (Nemo)
Combate Inglório (Gal Editora)
Cripta (Mythos)
Fantasma – A Saga do Casamento (Kalaco)
Garra Cinzenta (Conrad)
Gen, Pés Descalços (Conrad)

Publicação De Humor Gráfico
Antes Charge do que Nunca (Atorres)
Arvres (Orlando Pedroso)
Caminhos do Santiago (Santiago)
Caricaturas de Letra (Biratan)
Catálogo do Festival Internacional de Humor do Rio de Janeiro (vários)
Só Futebol (Duke)
Uma Patada com Carinho (Chiquinha)

Publicação De Tira
Agente Secreto X-9 (Devir)
Geraldão Espocando a Cilibina (Almedina)
Iscola… O Crime (Independente)
Macanudo # 4 (Zarabatana)
Ordinário (Cia. Das Letras)
Rei Emir Saad – O Monstro De Zazanov (Barba Negra)
Ultralafa (Barba Negra)

Publicação Erótica
Black Kiss (Devir)
Bórgia – Tudo é Vaidade (Conrad)
Futari H (JBC)
Golden Shower 2 (Independente)
Hentai Gold (Geek)
O Perfume do Invisível – Edição Completa (Conrad)
Velta & Mirza (Júpiter II)

Publicação Independente de AutorAparecida Blues (Biu e Stêvz)
Birds (Gustavo Duarte)
Duo.Tone (Vitor Cafaggi)
Nanquim Descartável 4 (Daniel Esteves)
O Beijo Adolescente (Rafael Coutinho)
SOS (Felipe Nunes)
Tune 8 (Rafael Albuquerque)

Publicação Independente De Grupo
Almanaque Gótico
Café Espacial
Gibi Gibi
Golden Shower 2
Graffiti 76%
Tarja Preta 7
Zine Extreme

Publicação Independente Edição Única

Achados e Perdidos (Eduardo Damasceno e Luís Felipe Garrocho)
Birds (Gustavo Duarte)
Duo.tone (Vitor Cafaggi)
Mix Tape (Lu Cafaggi)
O Louco, a Caixa e o Homem (Daniel Esteves e Will)
Quadrinhos A2 (Cristina Eiko e Paulo Crumbim)
São Jorge da Mata Escura (Marcello Fontana e André Leal)

Publicação Infanto-Juvenil
Disney Gigante (Abril)
Epic Mickey (Abril)
Joca e a Caixa (Cia. Das Letras)
Mendelévio e Telúria: Histórias tão Pequenas de Nós Dois
Pateta faz História (Abril)
Pequeno Pirata (Leya/Barba Negra)
Turma da Mônica Jovem (Panini)

Publicação Mix
1000-1 (Cachalote/Barba Negra/Leya)
Fierro Brasil (Zarabatana)
Golden Shower 2 (Independente)
Mad (Panini)
MSP Novos 50 (Panini)
Tarja Preta (Independente)
Vertigo (Panini)

Roteirista Nacional
André Diniz (Morro da Favela)
Carlos Ferreira (Kardec)
Daniel Esteves (O Louco, a Caixa e o Homem e Nanquim Descartável)
Lourenço Mutarelli (Quando meu Pai se Encontrou com o ET Fazia Um Dia Quente)
Marcelo Cassaro (Dbride: A Noiva do Dragão)
Vitor Cafaggi (Duo.tone e Valente para Sempre)
Wellington Srbek  (Ciranda Coraci e o Senhor das Histórias)

Roteirista Estrangeiro
Brian Wood (ZDM e Vikings)
David Mazzucchelli (Asterios Polyp)
Giancarlo Berardi (Julia Kendall e Ken Parker)
Jacques Tardi (Era A Guerra de Trincheiras)
Pierre Paquet (Quando eu Cresci)
Robert Kirkman (The Walking Dead)
Shaun Tan (A Chegada)

Tira Nacional
Bifaland (Allan Sieber)
Malvados (André Dahmer)
Manual do Minotauro (Laerte)
Níquel Náusea (Fernando Gonsales)
Ocre (Gilmar)
Quase Nada (Fábio Moon e Gabriel Bá)
Um Sábado Qualquer (Carlos Ruas)

Web Quadrinhos

Dinamica de Bruto – Bruno Maron
Ledd – J.M. Trevisan e Lobo Borges
Macacada Urbana – Vencys Lao
Quadrinhos A2 – Cristina Eiko e Paulo Crumbim
Quadrinhos Rasos – Eduardo Damasceno e Luís Felipe Garrocho
Terapia – Mario Cau, Rob Gordon e Marina Kurcis
Tune 8 – Rafael Albuquerque

Web Tiras
A Vida com Logan – Flávio F. Soares
Minha Talentosa Mão Direita – Gomez
Ryotiras – RyotMalditos Designers – Rômulo
Um Sábado Qualquer – Carlos Ruas
Vida e Obra de Mim Mesmo – Ricardo Coimbra
Will Tirando – Will Leite

Eco Cartoon 2012

Dois cartuns que fiz para o Eco Cartoon deste ano cujo tema é o futuro da água.

Esmola do Futuro

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Até a última gota

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Nanquim, Som & Fúria #19

Lenine

Lenine

Lenine já é bem conhecido e dispensa apresentações. Vou me reservar a falar apenas de seu trabalho mais recente: Chão (2011). O disco foi produzido pelo próprio filho de Lenine, Bruno Giorgi, e revela um artista que, por mais que já tenha uma carreira muitíssimo bem estabelecida, não se acomoda e ainda está em busca de novos caminhos. E, talvez seja seu disco mais radical neste sentido. Lenine usou e abusou de samples e ruídos naturais para dar forma às canções mais soturnas e pessoais de sua carreira. Um belo sopro de novidade ao som suingado pelo qual ele é conhecido. Além disso, é um disco com unidade, feito pra ser ouvido de cabo a rabo e não uma coletânea de singles tão comum à maioria dos discos. Nada está lá à toa. É uma obra de quem tem pleno domínio sobre o que está fazendo e que reafirma o porquê de Lenine ser um dos principais nomes da música brasileira nas últimas décadas.

Nanquim, Som & Fúria #18

Janelle Monáe

Janelle Monáe

Janelle Monáe já ficou mais conhecida do público brasileiro depois de se apresentar no Rock’n’Rio ano passado. Uma das maiores revelações da música nos últimos tempos, parece uma cria do James Brown com a Grace Jones que cresceu ouvindo Elvis Presley, Michael Jackson e Prince e que foi apadrinhada pelo Outkast.

Formada em artes cênicas, incorpora muitos elementos de teatro e cinema em seu trabalho. Seus primeiros discos – Metropolis: Suite I (The Chase) e The ArchAndroid (Suites II e III) – dão a sensação de serem trilhas sonoras de uma grande saga onde Janelle incorpora a figura de um andróide chamada Cindi Mayweather, uma alegoria para falar de minorias reprimidas lutando por seus direitos. São discos conceituais ambiciosos, mas que estão longe de serem maçantes. Muito pelo contrário, seu som é empolgante, extremamente coeso e consegue evitar os excessos comuns a obras experimentais e ecléticas como a dela. Baixinha e dona de um vozeirão e uma presença de palco notáveis, também impressiona pelo tanto que dança e pela forma como se veste usando roupas masculinas.

Site: http://www.jmonae.com/

Sem mais delongas, fiquem abaixo com as viciantes “Tightrope” e “Cold War”

O telefonema de PC Farias

Charge para o Jornalistas & Cia

PC Farias

Quem narra a história de hoje é Celso Freitas.

Em um belo dia, o sujeito mais procurado do País ligou para a redação da CBN, a rádio ainda no começo de suas atividades. O sombra do governo Collor, que estava atolado num mar de corrupção, comandado por ele, PC Farias. A Polícia Federal, a Interpol, todo o aparato de caça a criminosos estava atrás dele. E ele ali, pronto para dar uma entrevista à CBN e se defender.

A produtora Elaine Gomes quase teve um infarte,  mas reforçou o eixo e acelerou forte. Correu para o estúdio, avisou o apresentador de plantão naquele sábado que o homem estava na linha. Todo mundo se encheu de adrenalina. O apresentador tremeu na base. O manda-chuva da República de Alagoas estava ali, à mão. Era só perguntar.

O apresentador puxou o fôlego, mandou o sonoplasta abrir microfones e foi fundo. A entrevista fluiu bem, PC Farias respondeu o que lhe foi perguntado, simpático como convém a todo fugitivo.

Nem bem terminara a entrevista, o repórter Edison de Castro começa a questionar a produtora se aquele sujeito que falara em nome de PC Farias não seria um impostor. Elaine, então, se deu conta do perigo que corria. O rosto na hora virou um pimentão, o sangue subiu em segundos, o tom de voz baixou.

– Será, Edison? É a voz dele. Eu tenho certeza. Olha o sotaque alagoano!

E o Edison jogou mais lenha na fogueira:

– Ué, pode ser um outro nordestino, fazendo a voz do PC… E a essa altura a Polícia Federal deve ter monitorado toda a entrevista. Se for um impostor, vai dar um rolo danado. Não quero nem estar aqui na segunda-feira!

– Oh, Edison, não estraga, vai!

A CBN no começo, um fiasco daqueles jogaria toda a credibilidade da emissora no lixo. A temperatura subiu ao limite máximo em toda a equipe, que cumpria aquele plantão de um sábado até ali modorrento. E aí, é ou não é o PC? Elaine murchou, foi no bebedouro, pegou um copo d’água gelada. Tomou, repetiu a dose, lançou um olhar perdido para o chão. Responsável, cumpridora de horários e tarefas, exigente consigo mesma, era uma produtora tida pela equipe como das mais eficientes. Não merecia dançar por uma fatalidade daquelas.

O apresentador continuava firme, tocando a programação, mas o tom de voz já não era tão enfático, como fora na entrevista com o PC. Ele também sentiu a barra naquela dúvida. Sobraria para ele também? Claro, foi ele quem fez a entrevista. Para o ouvinte, toda a culpa era dele.

Não havia, ainda, internet naquele começo de anos 90. Só no dia seguinte é que se saberia o resultado daquela iniciativa, quando os jornais chegariam às bancas. Claro, Folha, Estadão, Veja, iam repercutir aquela entrevista que todos perseguiam e que fora dada à novata CBN.

Batata! No domingo a edição de Veja trouxe trechos da conversa, dando como verdadeira a entrevista, com repercussões entre pessoas que tinham ligação com a busca do fugitivo e também com a defesa dele. Na CBN, o domingão foi de comemoração pura, com direito a repeteco da gravação e também repercussão.

Troféu HQMix 2012 – E os indicados são…

A comissão do Troféu HQMix anunciou os indicados deste ano e a competição está acirradíssima. 2011 foi um ano excepcional para os quadrinhos brasileiros. Nunca se viu tanto material nacional com tanta qualidade sendo publicado e infelizmente, com essa competição tão acirrada, a “EntreQuadros – Círculo Completo” acabou ficando de fora das indicações. De qualquer jeito, é muito bom ver pessoas que admiro e se tornaram amigos pessoais serem merecidamente indicados.

Além do crescimento de quantidade de qualidade dos títulos, gostei muito da notícia de que a comissão do troféu será renovada a cada ano. Assim se evitará os tais votos viciados e abrirá espaço para os muitos novos talentos que tem emergido no Brasil.

Mas, ao meu ver, ainda há alguns equívocos na lista que precisam ser corrigidos e outros pontos que precisam serem melhores esclarecidos, como por exemplo:
– o Carlos Ferreira foi indicado a ‘roteirista’ e ‘roteirista revelação’. Ele já ganhou um HQMix por sua adaptação de “Os Sertões”. Então creio que não deva concorrer como revelação, apenas na categoria principal;
– o Marcelo d’Salete é outro que não vejo como revelação. Já publicou um álbum solo (“Noite e Luz”) e está no mercado há um bom tempo. Senti muita falta do “Encruzilhadas” em edição especial nacional e do d’Salete ser indicado a desenhista nacional também;
– o “1000-1” é um projeto dos autores em parceria com a Leya/Barba Negra, então não creio que deva concorrer na categoria de independentes;
– “Tune 8” e “Beijo Adolescente” não são edições únicas, mas primeiras edições de séries contínuas;
– na categoria webcomics, “Histórias do Clube da Esquina” saiu apenas como edição impressa este ano, não foi publicado na internet em 2011, “Tune 8” faz parte do “IG Jovem”, ou se indica cada uma das HQs ali individualmente ou o projeto como um todo, as duas coisas junto não faz muito sentido;
– a categoria edição especial nacional é apenas para materiais inéditos ou também abrange republicações? Caso seja apenas para materiais inéditos, o “Garra Cinzenta” deveria concorrer apenas como publicação de clássico;
– “Achados e Peridos” está concorrendo tanto como publicação independente de autor, como de grupo. Deveria ser apenas em uma destas categorias. Inverteram suas indicações a desenhista e roteirista revelação também. O Damasceno é o desenhista e ele e o Garrocho fizeram o roteiro juntos;
– a “Fierro Brasil” como Publicação de Aventura/Terror/Ficção tá bem estranho;
– Laerte e André Dahmer tem indicações duplas em tira nacional. Ambos são artistas excepcionais, mas acho que seria o caso de abrir espaço para novos talentos que temos de sobra;
– creio que já seria a hora de criarmos uma categoria de Roteirista + Desenhista, para autores que escrevem e ilustram a própria obra, podendo deixar que roteiristas concorram somente com roteiristas, e artistas somente com artistas.
– Produção para outras linguagens poderia ser limitado para coisas desse tipo feitas no Brasil apenas. Não vejo muito sentido em ficar premiando adaptações para filmes, animações ou videogames estrangeiros que não estão nem aí pra uma premiação como o HQMix.

Senti falta de alguns títulos e nomes como:
– “Encruzilhadas” em edição especial nacional e o d’Salete como desenhista e roteirista nacional
– em webcomics senti falta de “Petisco” de vários autores, “Willtirando” do Will Leite, “Quadrinhos A2” da Cristina Eiko e do Paulo Crumbim e “Nem Morto” do Leo Finocchi;
– em tiras nacionais faltou “Willtirando” do Will Leite, “Valente” do Vítor Cafaggi, “Os passarinhos” do Estevão Ribeiro, “Vida Besta” do Galvão e “Um sábado qualquer” do Carlos Ruas;
– em roteirista revelação faltou o Yuri Moraes por “Garoto Mickey” e eu também por “EntreQuadros – Círculo Completo”;
– em publicação independente de autor faltou  “EP” de Dalton Soares e Magenta King (que também mereciam ser indicados a desenhista revelação) e “St. Bastard!” do Raphael Salimena e Leonardo Martinelli.

Segue abaixo a lista completo dos indicados e, caso acredite que algum título ou autor tenha ficado de fora injustamente, comente lá no blog do troféu: http://trofeu-hqmix.blogspot.com.br/2012/03/juri-do-24-hqmix-faz-as-indicacoes.html

Adaptação para os Quadrinhos
Clara dos Anjos (Cia Das Letras)
Conto de Escola Em Quadrinhos (Peirópolis)
Dom Casmurro (Nemo)
Fahrenheit 451 (Globo)
Fernando Pessoa e Outros Pessoas (Saraiva)
Pateta Faz História (Abril)
Vigor Mortis Comics (Zarabatana)

Chargista
Angeli (Folha De S. Paulo)
Benett (Folha De S. Paulo)
Dálcio Machado (Correio Popular)
Duke (O Tempo)
Gustavo Duarte (Lance)
Leo Martins
Loredano

Desenhista Nacional
Aloísio De Castro (Carcará)
Danilo Beyruth (Necronauta 2)
Gustavo Duarte (Birds)
Lourenço Mutarelli (Quando Meu Pai…)
Marcelo Lelis (Saino a Percurá Ôtra Vez)
Rafael Albuquerque (Tune 8 e Vampiro Americano)
Rafael Coutinho (O Beijo Adolescente)

Desenhista Estrangeiro
Cyril Pedrosa (Três Sombras)
Dave Mckean (Sinal e Ruído)
David Mazzucchelli (Asterios Polyp)
Jacques Tardi (Era a Guerra das Trincheiras)
Milo Manara (Bórgia – Tudo é Vaidade)
Oliver Copiel (Thor)
Shaun Tan (A Chegada)

Destaque Internacional
Fábio Moon & Gabriel Bá
Greg Tocchini
Ivan Reis
Marcelo Lelis
Mike Deodato
Rafael Albuquerque
Ricardo Manhães

Edição Especial Nacional
Daytripper (Panini)
Garra Cinzenta (Conrad)
Histórias do Clube da Esquina (Devir)
Morro de Favela (Leya Brasil/Barba Negra)
Oeste Vermelho (Devir/Quanta)
Vigor Mortis Comics (Zarabatana)
War – Histórias de Guerra (Opera Graphica)

Edição Especial Estrangeira
12 de Setembro – a América depois (Record)
A Chegada (SM)
Asterios Polyp (Cia das Letras)
Era a Guerra das Trincheiras (Nemo)
Quando Eu Cresci (Ática)
Quando Lá Tinha O Muro (Tinta Negra)
Três Sombras (Cia Das Letras)

Editora
Cia Das Letras
Conrad
Devir
Leya/Barba Negra
Nemo
Panini
Zarabatana

Livro Teórico
A História em Quadrinhos no Brasil (W. Vergueiro E R. E. Santos)
Ângelo Agostini (Gilberto Maringoni) – Devir
Enciclopédia dos Quadrinhos (Goida E André Kleinert) – L&PM
Faces do Humor (Paulo Ramos) – Zarabatana
Histórias em Quadrinhos & Educação – Formação e Prática Docente Elydio Dos Santos Neto & Marta Regina Paulo da Silva (Orgs.) – Editora Metodista
Linguagem HQ (Nobu Chinen) – Editora Criativo
Super-Heróis, Cultura e Sociedade (Nildo Viana & Iuri Andréas Reblin – Orgs.) – Editora Ideias & Letras

Novo Talento – Desenhista
Daniel Og (Yuri, Quarta-feira de Cinzas)
Luís Felipe Garrocho (Achados E Perdidos)
João Carlos Vieira (Zine Extremis)
Lu Cafaggi (Mix Tape)
Magno Costa E Marcelo Costa (Oeste Vermelho E Matinê)
Rael Lyra (MSP Novos 50)
Shiko (MSP Novos 50)

Novo Talento – Roteirista
Carlos Ferreira (Kardec)
Eduardo Damasceno (Achados e Perdidos)
Hector Lima (MSP Novos 50)
Lillo Parra (Sonhos de Uma Noite de Verão)
Magno Costa (Oeste Vermelho)
Marcelo d’Sallete (Encruzilhadas)
Vitor Cafaggi (Duo.Tone e Valente para Sempre)

Produção para Outras Linguagens
Angeli 24h (Documentário)
As Aventuras de Tintim (Filme)
Batman: Ano Um (Longa De Animação)
Batman: Arkham City (Video Game)
Capitão América: O Primeiro Vingador (Filme)
Walking Dead (Série De Tv)
X-Men: Primeira Classe (Filme)

Projeto Editorial
1000 (Barba Negra)
Achados E Perdidos (Independente)
Coleção Fierro (Zarabatana)
Coleção Ópera Em Quadrinhos (Ática/Scipione)
Cripta (Mythos)
Tex Gigante (Mythos)
Vá Para O Diabo (A Bolha)

Publicação de Aventura/Terror/Ficção
Cripta (Mythos)
Fábulas (Panini)
Fierro Brasil (Zarabatana)
Garra Cinzenta (Conrad)
J. Kendall: Aventuras de uma Criminóloga (Mythos)
Os Mortos-Vivos (Hq Maniacs)
Y – O Último Homem (Panini)

Publicação de Clássico
Agente Secreto X-9 (Devir)
Arzach (Nemo)
Cripta (Mythos)
Fantasma – A Saga Do Casamento (Kalaco)
Garra Cinzenta (Conrad)
Gen Pés Descalços (Conrad)
Superman Vs. Muhammad Ali (Panini)

Publicação de Charges
Antes Charge do que Nunca (Atorres)
Caminhos Do Santiago (Santiago)
Só Futebol (Duke)
Catálogo do 3º Festival Internacional de Humor do Rio do Janeiro (vários)

Publicação de Cartuns
Arvres (Orlando Pedroso)
Caricaturas De Letra (Biratan)
Humor Do Miserê (Nani)
Ostras Ao Vento (Vasqs)
Ultralafa (Daniel Laffayete)
Uma Patada Com Carinho (Chiquinha)

Publicação de Tira

Agente Secreto X-9 (Devir)
Geraldão, Espocando a Cilibina (Almedina)
Iscola… O Crime (Independente)
Macanudo # 4 (Zarabatana)
Ordinário (Cia Das Letras)
Rei Emir Saad – O Monstro De Zazanov (Barba Negra)
Valente Para Sempre (Independente)

Publicação Erótica
Black Kiss (Devir)
Bórgia – Tudo é Vaidade (Conrad)
Futari H (JBC)
Golden Shower 2 (Independente)
Hentai Gold (Geek)
O Perfume do Invisível – Edição Completa (Conrad)
Velta & Mirza (Júpiter II)

Publicação Independente de Autor
Achados E Perdidos (Eduardo Damasceno, Luís Felipe Garrocho e Bruno Ito)
Birds (Gustavo Duarte)
Duo.Tone (Vitor Cafaggi)
O Beijo Adolescente (Rafael Coutinho)
O Louco, a Caixa e o Homem (Daniel Esteves e Will)
SOS (Felipe Nunes)
Tune 8 (Rafael Albuquerque)

Publicação Independente de Grupo
1000-1
Achados E Perdidos
Almanaque Gótico
Café Espacial
Golden Shower 2
Graffiti 76%
Zine Extreme

Publicação Independente Edição Única
Achados E Perdidos
Birds (Gustavo Duarte)
Duo-Tone (Vitor Cafaggi)
Mix Tape (Lu Cafaggi)
O Beijo Adolescente (Rafael Coutinho)
O Louco, a Caixa e o Homem (Daniel Esteves e Will)
Tune 8 (Rafel Albuquerque)

Publicação Infanto-Juvenil
Achados E Perdidos (Independente)
Bakuman (JBC)
Epic Mickey (Abril)
Joca E A Caixa (Cia Das Letras)
Mônica 500 (Panini)
Pateta Faz História (Abril)
Pequeno Pirata (Leya/Barba Negra)

Publicação Mix
1000-1 (Cachalote/Barba Negra)
Dc Made In Brazil (Panini)
Fierro Brasil (Zarabatana)
Golden Shower 2 (Independente)
Mad (Panini)
MSP Novos 50 (Panini)
Vertigo (Panini)

Roteirista Nacional
André Diniz (Morro de Favela)
André Valente (Não Fui Eu)
Carlos Ferreira (Kardec)
Daniel Esteves (O Louco, a Caixa e o Homem e Nanquim Descartável vol.4)
Lourenço Mutarelli (Quando Meu Pai…)
Marcelo Cassaro (Dbride: A Noiva Do Dragão)
Vitor Cafaggi (Duo.Tone e Valente para Sempre)

Roteirista Estrangeiro
Alejandro Jodorowsky (Bórgia – Tudo é Vaidade)
Brian Azzarello (100 Balas)
David Mazzucchelli (Asterios Polyp)
Giancarlo Berardi (Julia Kendall e Ken Parker)
Pierre Paquet (Quando eu Cresci)
Robert Kirkman (The Walking Dead)
Shaun Tan (A Chegada)

Tira Nacional

A Cabeça é a Ilha (André Dahmer)
Bifaland (Allan Sieber)
Malvados (André Dahmer)
Manual do Minotauro (Laerte)
Níquel Náusea (Fernando Gonsales)
Piratas do Tietê (Laerte)
Quase Nada (Fábio Moon e Gabriel Bá)

Web Quadrinhos
A Vida com Logan (Flavio F Soares)
Clube da Esquina (Laudo Ferreira E Omar Viñole)
Ig Jovem (Vários)
Ledd (J.M. Trevisan e Lobo Borges)
Mundinho Animal (Arnaldo Branco)
Sopa de Salsicha (Eduardo Medeiros)
Tune 8 (Rafael Albuquerque)

A Rainha

 Charge para o Jornalistas & Cia

A Rainha

A história dessa semana é narrada por Antonio Epifânio Moura Reis que relembra a visita oficial da Rainha Elizabeth II ao Brasil na época da ditadura, em  1968.

A CBF organizou especialmente para esta visita um jogo no Maracanã entre as seleções do Rio de Janeiro e de São Paulo. O “Jogo da Rainha” que contaria com o Rei Pelé em campo. O estádio lotou e ovacionou Vossa Majestade que, ao terminar a partida, entregaria na Tribuna de Honra uma medalha ao time perdedor e uma taça ao time vencedor. Começou então o tradicional empurra-empurra entre fotógrafos, seguidos de gritos após a chegada dos jogadores, do então presidente da CBF João Havelange carregando a imensa taça e de vários políticos,  entre os quais o chanceler Magalhães Pinto.
– Rainha, dona rainha! Por favor, olha pra cá! – gritava uma das alas de fotógrafos, em meio aos cliques característicos.
– Pelé, Pelé! Fica do lado da rainha! – gritava outro grupo, nervoso.
– Sai da frente, ô de gravata! Sai da frente, “seu” Pinto! – berrava a ala que herdou o pior ângulo.
Nas arquibancadas, a multidão acompanhava a gritaria dos fotógrafos em relativo silêncio. Diplomatas e Jacinto pediam calma,  inutilmente, sob olhares raivosos dos engravatados. A rainha passou a conversar com Pelé. Os fotógrafos, então, se uniram num só coro:
– Havelange, entrega a taça pra rainha, entrega a taça pra rainha!
O alto e atlético presidente da então CBD estendeu a bonita taça prateada para Sua Majestade, que demonstrou o peso da peça, pois
deu um passo para trás, quase cambaleando.
– Rainha, dona rainha! Entrega a taça pra Pelé! – ecoou o grito dos fotógrafos, sempre em meio aos cliques característicos.
E quando Pelé estendeu as mãos para receber o troféu, o fez sob novo e mais forte coro dos fotógrafos:
– Havelange, Havelange! Tira “seu” Pinto da frente!
“Seu” Pinto não apareceu nas fotos de primeira página dos vespertinos do dia seguinte e dos matutinos da terça-feira. Todas
exibiram, de diferentes ângulos, a rainha, Pelé e a taça prateada, confeccionada em Lisboa, segundo Havelange, especialmente para
a ocasião.

Nanquim, Som & Fúria # 17

Gui Amabis

Gui Amabis é produtor musical e já fez trilhas sonoras de diversos filmes como “O Senhor das Armas” e “Quincas Berro D’água”. Também produziu “Caravana Seria Bloom”, o disco mais recente de sua esposa, ninguém menos que Céu, uma das principais cantoras da geração atual do Brasil.
Em 2011, lançou seu primeiro disco solo “Memórias Luso-Africanas”, inspirado nas memórias de sua avó e que conta com vocais de Céu, de Tulipa Ruiz, de Criolo, de Lucas Santtana e de Tiganá. É uma verdadeira jóia rara e pode ser baixado gratuitamente no site dele: guiamabis.com.
Dia 21 de março agora tem show dele no Sesc Vila Mariana.
Fiquem abaixo com duas preciosidades desse belo disco: