Um pedaço de papel

Charge para o Jornalistas & Cia

A história dessa semana é de Moacir Assunção, que nos conta da época em que trabalhou no caderno Cidades do extinto Diário Popular (hoje Diário de S.P.).

Moacir foi cobrir a história de um grupo de pessoas da favela sob a ponte de Vila Maria que estavam “alojados” precariamente em um espaço cultural do Conjunto Habitacional José Bonifácio.

Desceu do carro da reportagem e foi abordado por um senhor grisalho de traços nordestinos: “Moacir, você veio, eu tinha certeza de que você vinha ajudar a gente. O pessoal do Estadão e da Folha não adianta chamar que eles não vêm de jeito nenhum, mas vocês do Diário aparecem sempre”. Espantado, Moacir perguntou se o senhor o conhecia e ele respondeu que foi ele quem havia ligado para o jornale, pois havia guardado o telefone dele em um pedacinho de papel, já amarrotado e com a tinta gasta, da última vez em que ele estivera no local.

Emocionado, Moacir constatou a situação precária daqueles cidadãos e fez uma matéria denunciando o cruel descaso. Não saiu nada nos jornais concorrentes, mas a matéria teve boa repercussão nas rádios e dois dias depois saiu algo nos outros veículos diários.  Pressionada, a Prefeitura resolveu, dias mais tarde, retirar aquelas pessoas dali e arrumar outro lugar com um mínimo de dignidade para elas se instalarem.

Bom jornalismo pode ajudar.

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