Desemprego na terceira idade

A charge dessa semana para o Jornalistas & Cia é sobre um assunto sério: um desabafo de Wanderley Midei sobre a dificuldade, mesmo com toda sua rica experiência, em se conseguir um emprego na terceira idade para poder complementar o orçamento apertado de sua aposentadoria.

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O texto completo de Wanderley poderá ser conferido a partir da semana que vem no Portal dos Jornalistas.

Nanquim, Som & Fúria #27

Curumin

Curumin

Um dos músicos mais requisitados na música brasileira atualmente, Curumin é cantor, compositor e multiinstrumentista virtuoso (consegue até tocar bateria e cantar ao mesmo sem perder o fôlego). Ele faz parte de uma turma que tem renovado a música brasileira nos últimos anos como Céu, Lucas Santtana, Marcelo Jeneci, Cidadão Instigado, Guizado, Karina Buhr, Wado, Kassin e Tulipa Ruiz só para citar alguns. Em seu trabalho solo, Curumin aglomera elementos tradicionais da MPB e da música negra norte-americana a sonoridades mais contemporâneas. E faz isso de forma muito orgânica, sem forçar a barra pra parecer moderno. Assim como outros artistas de sua geração, ele não se restringe a pré-definições de gêneros musicais. Compreende que a música vai muito além disso e até por isso fica difícil classificar seu tipo de som. Já tem três grandes discos solo no currículo, sendo o mais recente, ‘Arrocha’, lançado este ano. Um dos principais lançamentos nacionais deste ano e que tem uma sonoridade mais urbana e pesada que seus trabalhos anteriores. ‘Arrocha’ pode ser ouvido na íntrega no Soundcloud do cara, confiram:

Nanquim, Som & Fúria #26

Fiona Apple

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Ao lado de Erykah Badu, Fiona é, para mim, a cantora mais fascinante dentre todas as que surgiram nos anos 1990.

Muita gente só a enxerga como louca e desajustada, especialmente por conta de seu famigerado discurso de aceitação na entrega do prêmio de revelação do ano no VMA da MTV norte-americana. Muitos se chocaram com ela dizendo ‘This world is bullshit’ numa premiação dessas, mas a passagem mais marcante neste discurso é ‘You shouldn’t model your life by what we think it’s cool or what we’re wearing or what we’re saying and everything. Go with yourselves.’. Fiona é, de fato, louca e desajustada, como qualquer outra pessoa vista de perto, mas também é uma musicista, letrista e cantora brilhantes e simplesmente não vê suas imperfeições como insultos. Ela expõe isso tanto em sua música como em entrevistas com uma franqueza atordoadora e inspiradora ao mesmo tempo. Ao ser convidada para um ensaio de uma revista, por exemplo, já chegou a pedir que fotografassem seus joanetes para que outras garotas que nasceram com a mesma deformação nos pés não se sentissem mais desconfortáveis com eles.

Sei que é pieguice, mas, para mim, as músicas da Fiona Apple tem um poder de desconstrução, de autodestruição, para, em seguida, reeguer algo mais forte. Elas retraram o doloroso processo do crescimento com mais força do que qualquer outro artista que conheço.

Depois de um hiato de sete anos, ela voltou com mais um álbum primoroso cujo título é um poema: “The Idler Wheel is wiser than the Driver of the Screw and Whipping Cords will serve you more than Ropes will ever do”. O disco só sai dia 19 de junho, mas já pode ser ouvido no site da NPR.

Segue abaixo o clipe mais recente dela e outra dentre as suas muitas músicas que mais gosto:

Baú de lembranças

Charge para o Jornalistas & Cia

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O texto dessa semana é de Luiz Roberto de Souza Queiroz, o Bebeto.

“A caixa com mais de 80 credenciais, lembrança de 44 anos de reportagem, aparece como todo ano no meio das velharias para jogar fora e, como todo ano, adiamos a decisão de mandar para o lixo.

São lembranças distantes, credencial da visita do príncipe Akihito do Japão, do De Gaulle, do Xainxá do Irã (quando a gente nem imaginava o que seria um aiatolá), do rei Olavo V da Noruega, da Rainha Elizabeth, do presidente Marcelo Caetano, de Indira Ghandi, de Miterrand, do presidente da Itália (nem lembro quem era) quando vieram ao Brasil.

A credencial mais antiga, do Congresso da UNE de Santo André, assinada por alguém sem sobrenome, Pedro João Francisco, junto com a carta do secretário de Redação Nilo Scalzo, de 23 de julho de 1963, dizendo que eu estava credenciado pelo Estadão a cobrir o XXVI Congresso Nacional de Estudantes, em Santo André. A carta era necessária porque, recém-contratado, ainda estagiário, não tinha carteira do jornal, que fazia falta, já que para os Jogos Panamericanos tive que ser credenciado como Auxiliar de Repórter, equivalente a “filhote de foca”.

Há documentos estranhos no meio, como a credencial da Union Internationale des Télécommunications que me autorizava a passar notícias da revolução da Bolivia na forma telegramas, credencial do II Congresso Nacional sobre Educação Sexual, da Feira da Indústria Britânica de 1969 e, em 1994, levei no peito a credencial do Jornal Infecto, emitida pelo VIII Congresso Brasileiro de Infectologia, menos embaraçosa do que a credencial da União de Tendas Espiritas de Umbanda e Candomblé, assinada por um diretor que me identificou como “Imprença”, que corrigi à mão, de vergonha.

Curiosa também a credencial da visita do Papa João Paulo II, na qual sou identificado como Francisco de Assis Alves Brant, com direito a foto do gajo. É que minha credencial sumiu e me deram outra, de um repórtter que não apareceu.

Há dúzias de credenciais do Ministério da Guerra, autorizando “livre acesso para o exercício de sua profissão”, isso em 1969, imaginem, para o Grande Comicio das Diretas; para a assembleia da Sociedade Americana de Imprensa; para o Carnaval; para a chegada do “Exmo. General de Exército Costa e Silva” a Congonhas, em 1964, credencial da 4ª Zona Aérea, o que não me impediu de ficar preso no quartel, de onde Oliveiros Ferreira me tirou, gritando ao brigadeiro José Vaz que “o Bebeto é como um soldado, cumpre ordens do comandante, que sou eu: se é para prender alguém, me prendam, mas não a ele”, momento que me enche de orgulho de ter trabalhado no Estadão. Há muitas credenciais da Federação e do Sindicato dos Jornalistas, que sempre tentamos fazer valer, mas eram recusadas pelas autoridades de plantão.

A caixa tem de tudo, braçadeiras de feltro escrito “Imprensa”, cartazes para o parabrisas com carimbo da Casa Civil, garantindo “Trânsito Livre”, para que o carro de reportagem, às vezes o fusquinha do Mané ‘Fitipaldi’ não fosse barrado na carreata, e credenciais assinadas por companheiros que se foram, Ennio Pesce, Vitor Paladino, entre  outros.

É um montinho de credenciais coloridas, que todo ano a Táta tenta montar num quadro e toda vez acaba voltando para o armário. Toda vez, menos agora, que ao comentar sobre elas no eXtadão, no Facebook, recebi o carinho da Maria Luiza Brandalise, do Waldo Claro, do Zeca Cafundó, do Roberto Capuano, do Flávio Serpa, do João Luiz, dizendo que não jogue fora. E, para completar, o pedido do Wilson Baroncelli, do Jornalistas & Cia.’ pedindo para publicar o texto, aqui ampliado.

Acho que eles têm razão. Cada credencial acende uma lembrança: as credenciais assinadas pelo Cesar Tácito Lopes, que nos permitiam sair do Dops depois de tentar inutilmente colher notícias que sabíamos não seriam publicadas; do medo do delegado Alcides Cintra Bueno, o “Alcides Porquinho”, ameaçando aos gritos prender o repórter que tentasse cumprir a missão de fazer reportagem. Achava que eram lembranças que apenas eu sentia, fonte de energia que afeta só a mim, quando pego cada credencial. Como dizia Sartre, “a verdade de cada um é única e incomunicável”.

As manifestações dos colegas mostraram, porém, que esse passado doce-amargo não é uma lembrança pessoal, é partilhada pelo Waldo Claro, que guardou a credencial do Estadão assinada por Ruy Mesquita; pelo Wanderley Midei, que as mantém numa mala, sob a cama; do Plínio Vicente, que se ofereceu para comprá-las para que eu não jogue fora; do Renato Lombardi, que deve ter muito mais credenciais do que eu; do João Luiz Guimarães, que, na outra ponta, tentava publicar o material censurado.

As credenciais lembram tempos difíceis, em que, com elas na mão, dizíamos com falsa segurança e ainda mais falsa coragem “eu sou do Estadão e vim fazer reportagem”; em que a gente tentava ter notícias dos companheiros presos no DOI-CODI, do Duque Estrada, que pensávamos, não será torturado, afinal é de família de militares; do Markum e da Diléa, do Tadeu, que os milicos até negavam que estavam presos; do Rodolfo Konder, que a ditadura enfraquecida deixou sair da prisão para assistir ao enterro do Vlado e a quem só então, à beira do túmulo, pudemos abraçar por um segundo; de tantos mais, que escaparam da ditadura mas, anos depois, não da morte, e cuja ausência deixa a vida mais vazia: Manente, Reali, Aluane Neto e meus professores de jornalismo e de coragem Hélio Damante, Antonio Lúcio, Mathias Arrudão, Frederico Branco.

E agora, depois da saudade, da manifestação dos companheiros, depois de tantos anos de hesitação, a Táta finalmente está levando a velha caixa de sapatos para o moldureiro montar um quadro, lembrança de todos nós, do jornalismo heróico que vivemos um dia. E revivemos hoje, na memória.”

Nanquim, Som & Fúria #25

Gaby Amarantos

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Gaby já vinha sendo apontada há algum tempo como a nova revelação na música brasileira. Agora com o lançamento de seu primeiro disco, que já emplacou uma música na abertura de uma novela de sucesso, só se fala dela. Goste ou não de seu estilo, é impossível não apreciar sua honestidade e sua autenticidade. No atual cenário pop nacional, tão infestado de fórmulas prontas, de cópias baratas e de letras tão imbecilizantes e machistas, o brilho e a energia dessa embaixatriz da música paraense são um verdadeiro e farto oásis.

Para quem torce o nariz pro tecnobrega, lembre-se de que blues, soul, reagge, jazz, samba, hip hop e outros tantos gêneros musicais um dia também já foram considerados como música de pobre. O trabalho de Gaby também não se restringe a um único gênero, mas também passeia por outros ritmos paraenses, pela música eletrônica e até mesmo pelo sertanejo. Uma salada musical que sairia bem indigesta em mãos menos talentosas. Já aqueles que não tem esse tipo de preconceito, vão se deliciar com uma música genuinamente brasileira pra lá de divertida e que, felizmente, passa longe dessa canastrice emburrecedora que nos assola atualmente.

Saudade de mim

Charge para o Jornalistas & Cia

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O texto dessa semana é a praticamente história de vida do Plínio Vicente da Silva, um dos mais assíduos colaboradores do Memórias da Redação. Segue abaixo o texto dele na íntegra:

“Ao acordar hoje, 29 de abril, completando 70 anos de uma longa existência, dei-me o privilégio de me entregar por mais um tempo ao aconchego das cobertas. Um pouco também pela indolência provocada pela chuva que caía mansa, transformando as goteiras que desciam das telhas num instrumento de percussão, ressoando batuques ritmados sobre os vasos de plantas da minha mulher.

Enquanto os papagaios faziam explodir gritos onomatopaicos na mangueira bem ao lado do meu quarto, meus olhos, fixados no forro de PVC, atravessaram a barreira branca e encontraram do outro lado um horizonte em que pude ver desfilando um pouco do meu passado. Do recente ao mais longínquo.

Foi quando senti saudade de mim. Pelo muito do que vivi e que aqui me permito relembrar algumas passagens. Escolhi algumas poucas, mas todas com ingredientes que me ligaram, de alguma forma, à profissão que, sem qualquer outro ganho, a não ser meu salário, me permitiu construir um futuro, criar uma família e educar os filhos, fazer dois deles doutores com o meu “paitrocinio”, um aqui e outro em terras de Espanha. Não lhes deixarei como herança bens materiais, além de uma casa modesta e um carro usado. Mas tenho orgulho por vê-los, como homens feitos, seguindo os exemplos que lhes pude legar, todos assentados em virtudes como a preservação da dignidade, a pregação intransigente da retidão de caráter, a defesa incondicional da honestidade e a prática permanente de valores éticos.

Sei que este espaço é reservado a memórias dos tempos em que vivemos nas redações. Mas hoje me reservo o direito de escrever estas linhas para falar da saudade que sinto do tempo que passou. Afinal, já se vão 70 anos e, como disse Mário de Andrade, nessa idade eu tenho muito mais passado do que poderei ter futuro. Todavia, ainda quero e espero viver o suficiente para, enquanto me aceitarem, contar histórias, memórias que aos poucos tenho registrado neste J&Cia.

Minha saudade começa lá longe, bem longe, no tempo e no espaço, na pequena vila de Guatapará, às margens do rio Moji Guaçu, região de Ribeirão Preto. Eu era um molequinho franzino, deformado pela polio, que andava feito um sapo com as duas pernas em cima do pescoço. Mas isso não me impedia de todos os dias, menos às segundas-feiras, ir comprar o jornal para o meu pai, missão que eu cumpria com muita seriedade para tão pouca idade.

Para eu poder me locomover ganhei uma charretezinha de madeira, com rodas de bicicleta, puxada por um bodezinho preto, de nome Capeta. Assim, quando dava 2 da tarde eu percorria dois quilômetros por uma estrada de terra e ficava na esplanada à espera do comboio e do jornaleiro, que chegavam à estação sempre por volta das 2 e 40. O ritual era sempre o mesmo: Faustino – esse era o nome dele – descia do trem, entregava-me o Estadão, recebia as moedas e desaparecia vagão adentro. Não sem antes recomendar um abraço aos meus pais. Ele era meu primo, filho de tia Matilda, irmã mais velha de minha mãe, como ela nascida em Duisburg.

Era um ofício que me dava satisfação ainda maior quando, no final da tarde, meu pai se sentava na escada da frente da nossa casa, numa pequena fazenda onde era empregado, e abria o jornal. À medida que, com sua voz claudicante de pouco saber do oficio da leitura, recitava em voz alta cada manchete e cada notícia, eu também ia lendo o diário. Jamais me esqueci das suas palavras, conselho que me segue até hoje e que procuro transmitir a todos os jovens estudantes de Comunicação: quem quiser aprender a escrever tem primeiro que aprender a ler. Foi assim, lá pelos nove anos, que decidi: aprenderia a ler, aprenderia a escrever e um dia seria jornalista do Estadão. E fui…

Tenho saudade de mim quando fiz minha primeira reportagem, aos 13 anos, transmitindo por telefone um texto rascunhado numa folha de caderno. A um desconhecido do outro lado da linha, na redação de O Diário de Ribeirão Preto, contei, com a voz embargada pelo pranto incontido, o suicídio de Idalina de Oliveira, que não suportou ser estuprada por um oleiro brutamontes e atirou-se nas águas do Mogi Guaçu. Foi uma noticia dolorosa, que transmiti misturando a frieza do jornalista com a emoção de ser humano, pois tínhamos a mesma idade, estudávamos juntos e éramos mais que amigos, quase irmãos.

Tenho saudade de mim quando voltei para Guatapará depois de vários anos internado na Santa Casa de São Paulo. O que minha pobre mãe, roceira e analfabeta, só conseguiu esmolando ajuda financeira a muita gente e por conta e obra de dona Leonor Mendes de Barros, que atendeu a um apelo feito por carta por meu pai, militante do PSP. A mulher do dr. Adhemar mandou que me fosse aberta uma vaga no Pavilhão Fernandinho Simonsen a fim de que, depois de uma dezena de cirurgias, eu pudesse ter consertadas as minhas pernas, mesmo que parcialmente.

Tenho saudade de mim na volta para casa, já lá pelos 17 anos, quando decidi enveredar definitivamente pelos caminhos do jornalismo, indo trabalhar como copy da editoria de Polícia em O Diário, em Ribeirão Preto. Depois de três meses sem receber nem mesmo um muito obrigado, deixei de ser jornalista para ser jornaleiro e fui vendendo jornais e revistas no noturno da Mojiana entre Ribeirão e Uberaba.

Tenho saudade de mim por ter sido um lutador, que na juventude matou um leão por dia para poder estudar um pouco, trabalhar bastante e finalmente, embora com apenas a experiência adquirida nos serviços de alto-falante das quermesses juninas da minha vila, chegar à Rádio Difusora de Jundiaí como locutor. Foi um grande aprendizado, pois ali também tive mestres da maior competência, como José Paulo de Andrade, meu companheiro por vários anos num programa matinal.

Tenho saudade de mim já repórter esportivo do Jornal da Cidade, também em Jundiaí, onde bebi da sabedoria de um grande mestre, Ademir Fernandes, que não só me ensinou o ofício do jornalismo, mas porque principalmente me legou a humildade própria dos grandes seres humanos, virtudes que levei para o cargo de editor-chefe tempos depois. E que também me abriria as portas do JT como frila do Caderno de Esportes, ponte que cruzei para chegar ao outro lado do corredor.

Tenho saudade de mim quando, humilde caipira, entrei na redação do Estadão e recebi todas as oportunidades para fazer uma carreira. Uma nova vida durante a qual Deus me concedeu a suprema graça de conviver com profissionais tão famosos quanto simples, que me ajudaram a ser um deles e com os quais pude cultivar uma amizade verdadeira, única, indestrutível. Não me atrevo a citar nomes, pois cometeria várias injustiças.

Tenho saudade de mim, aventureiro e inconsequente, que decidiu largar tudo e mudar radicalmente de vida ao trocar São Paulo por Roraima. Mas foi aqui que, mesmo sofrendo com as limitações impostas por minha deficiência física, acabei descobrindo o repórter que não sabia existir em mim. Foi aqui onde pude escrever meus melhores textos, com os quais ganhei as manchetes do jornal e prestígio para poder estruturar uma vida pacata na aposentadoria.

Tenho saudade de mim, esta mais recente, do escritor que ainda tenta pôr no papel tudo o que guarda na memória, sentimento frustrado de não ter transformado em livro tantas experiências, agradáveis ou não. Como as que deram origem à serie de reportagens sobre a ditadura argentina, que em 1983 ganhou Prêmio Rey de España, para orgulho e honra de uma equipe chefiada por Marcos Wilson e que tinha, além de mim, José Maria Mayrink, Luiz Fernando Emediato e Roberto Godoy. [N. da R.: Plínio contou a saga dessa reportagem neste mesmo espaço, na edição 774, de dezembro de 2010]

Tenho ainda mais saudade de mim, de quem fui, quando começo a sentir intensamente a certeza de que já não tenho tanto tempo mais para fazer tudo o que planejo, mas que continuo sonhando em fazê-lo.

Tenho saudade de mim, do jovem pacífico e esperançoso, num momento em que a maldade, a violência e a corrupção vicejam lá fora. E então vejo que ainda sou o mesmo ser humano que jamais fez mal a alguém, nem mesmo com palavras, fruto de um caráter que muitos me ajudaram a moldar: meus pais, meus irmãos, meus mestres, meus amigos…

Por isso tudo e muito mais, que não cabe neste espaço, é que sinto saudade de mim.”

Bate-papo na Gibiteria

Fala pessoal,

É com imenso prazer que lhes convido para um bate-papo com este que vos fala e os super-gêmeos Marcelo e Magno Costa, autores do álbum Oeste Vermelho e da revista Matinê.

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O bate-papo será nesta sexta-feira, dia 25, na Gibiteria (Praça Benedito Calixto, 158 – 1º andar, 05406-040 São Paulo, Brazil) a partir das 19h e terá mediação do roteirista Lillo Parra. Falaremos sobre processos de criação, projetos de quadrinhos e influências. Ao final, também faremos uma sessão de autógrafos.

Estão todos convidados! Compareçam!

Nanquim, Som & Fúria #24

Norah Jones

Norah Jones

Norinha já é bastante conhecida. Para mim, é uma das vozes mais deliciosas que apareceram nos anos 2000 e também tem se mostrado uma das artistas mais interessantes de se acompanhar. Aos poucos, ela vem migrando do smooth-jazz que a consagrou para o indie-rock. Considerando que, desde que apareceu em cena, Norah tem colaborado uma gama de com artistas tão díspares como Outkast e Belle & Sebastian ou Ray Charles e Foo Fighters, essa metamorfose não é lá uma grande surpresa. O mais importante é que a qualidade e o frescor de seu trabalho continuam intactos. Importante também é que Norah sabe escolher muito bem suas parcerias. Para produzir seu disco mais recente, o ótimo ‘… Little Broken Hearts‘, ela convidou o gabaritado Danger Mouse (Broken Bells, Gnarls Barkley, Rome). Mais do que expandir sua paleta musical, neste disco ela revela facetas além de suas habituais ternura e singeleza.

Bom dia, Roquette!

Charge para o Jornalistas & Cia

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A história desta semana é uma colaboração de Luiz André Ferreira, diretor de Jornalismo da Rádio Roquette-Pinto 94,1 FM, do Rio de Janeiro, e âncora do programa Primeira Página.

Um dia, durante o programa das manhãs Primeira Página da Rádio Roquette-Pinto 94,1 FM RJ (diariamente, entre 9h30 e 12h), um dos entrevistados imaginou que estava falando com o “pioneiro do rádio” Edgard Roquette-Pinto e dirigiu-se ao apresentador com um sonoro “Bom dia, Roquette!”. Talvez os ouvintes nem tenham percebido, já que o nome do “mestre” também é o nome da rádio e, por isso, pode não ter chamado atenção, mas Roquette-Pinto morreu em 18 de outubro de 1954!

No estúdio, foi uma gargalhada geral. O microfone teve que ser cortado enquanto o entrevistado falava sozinho, até que os ânimos tivessem sido controlados pelos apresentadores, produtores e operador. Conseguiram apenas encerrar, sem nem mais uma pergunta, agradecendo e jogando chamadas promocionais na sequência.

Fora do ar, um dos produtores comunicou a gafe ao entrevistado, que lhes pediu pelo amor de Deus para não divulgarmos o seu nome.

Já eu fico imaginando como o Sr. Edgard Roquette-Pinto deve ter sofrido quando era criança (e adulto também) com um sobrenomes desses…