Nanquim, Som & Fúria #25

Gaby Amarantos

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Gaby já vinha sendo apontada há algum tempo como a nova revelação na música brasileira. Agora com o lançamento de seu primeiro disco, que já emplacou uma música na abertura de uma novela de sucesso, só se fala dela. Goste ou não de seu estilo, é impossível não apreciar sua honestidade e sua autenticidade. No atual cenário pop nacional, tão infestado de fórmulas prontas, de cópias baratas e de letras tão imbecilizantes e machistas, o brilho e a energia dessa embaixatriz da música paraense são um verdadeiro e farto oásis.

Para quem torce o nariz pro tecnobrega, lembre-se de que blues, soul, reagge, jazz, samba, hip hop e outros tantos gêneros musicais um dia também já foram considerados como música de pobre. O trabalho de Gaby também não se restringe a um único gênero, mas também passeia por outros ritmos paraenses, pela música eletrônica e até mesmo pelo sertanejo. Uma salada musical que sairia bem indigesta em mãos menos talentosas. Já aqueles que não tem esse tipo de preconceito, vão se deliciar com uma música genuinamente brasileira pra lá de divertida e que, felizmente, passa longe dessa canastrice emburrecedora que nos assola atualmente.

Nanquim, Som & Fúria #24

Norah Jones

Norah Jones

Norinha já é bastante conhecida. Para mim, é uma das vozes mais deliciosas que apareceram nos anos 2000 e também tem se mostrado uma das artistas mais interessantes de se acompanhar. Aos poucos, ela vem migrando do smooth-jazz que a consagrou para o indie-rock. Considerando que, desde que apareceu em cena, Norah tem colaborado uma gama de com artistas tão díspares como Outkast e Belle & Sebastian ou Ray Charles e Foo Fighters, essa metamorfose não é lá uma grande surpresa. O mais importante é que a qualidade e o frescor de seu trabalho continuam intactos. Importante também é que Norah sabe escolher muito bem suas parcerias. Para produzir seu disco mais recente, o ótimo ‘… Little Broken Hearts‘, ela convidou o gabaritado Danger Mouse (Broken Bells, Gnarls Barkley, Rome). Mais do que expandir sua paleta musical, neste disco ela revela facetas além de suas habituais ternura e singeleza.

Nanquim, Som & Fúria #23

Jack White

Jack White

O guitar hero da minha geração e um dos nomes mais importantes do rock’n’roll dos últimos quinze anos. Depois de encabeçar três ótimas bandas (White Stripes, Dead Weather e Raconteurs), Jack segue em carreira solo com o Blunderbuss, um discaço que só cresce a cada nova audição.

Nanquim, Som & Fúria #22

Silva

Silva

O capixaba Lúcio Silva Souza resolveu assinar seu trabalho usando apenas o seu nome do meio, um dos sobrenomes mais comuns do Brasil. Mas o comum passa longe de seu trabalho. Tem apenas 23 anos, estuda música desde os 2 (!) anos de idade, e, até agora, lançou apenas um EP com 5 músicas que já o colocou entre as maiores promessas da música brasileira contemporânea. Seu trabalho vem sendo comparado a Los Hermanos, Marcelo Camelo, Mallu Magalhães e Thiago Pethit, mas também agrega novos temperos da música eletrônica, especialmente do dubstep e do chillwave. Uma mistureba da boa e deliciosa de ouvir. Silva fará show no Festival Sónar São Paulo no dia 12 e dia 15 também se apresenta no Sesc Pompéia. Seu EP pode ser escutado em sua página no Soundcloud: http://soundcloud.com/silvasilva/sets/silva

Fiquem abaixo com as belíssimas “Imergir” e “A Visita”:

Nanquim, Som & Fúria #21

Santigold

Santigold

Santi White despontou em 2007 e suas músicas foram um sopro de novidade no pop ao misturar as novas tendências da música eletrônica e hip hop com o synth-pop oitentista. De lá pra cá, fez uma penca de contribuições com outros artistas (Beastie Boys, Julian Casablancas, Basement Jaxx, N.A.S.A. entre outros) e viu seu som e seus colaboradores e produtores do Major Lazer estourarem no mainstream. Somente agora ela lança seu segundo álbum, o ótimo Master of My Make Believe, com produção e colaborações de Switch e Diplo (Major Lazer), Dave Sitek (TV on the Radio), karen O e Nick Zinner (Yeah Yeah Yeahs) entre outros. Um discaço onde ela amplia sua sonoridade com elementos de música jamaicana e africana Santigold e também solta o verbo contra a obsessão atual por fama, contra a máquina política e contra o atual estado maçante da dita música mainstream. Santigold é o tal do pop com alma e conteúdo que muitos alegam ser, mas que, geralmente, não passa de propaganda falsa estampada na embalagem.

Nanquim, Som & Fúria #20

James Mercer

James Mercer

Quem já viu o filme Hora de Voltar (Garden State), certamente se lembra da cena com a Natalie Portman usando headphones dizendo que conhecer The Shins vai mudar sua vida.  Se isso vai mudar a vida de alguém eu não sei, mas, com certeza, vai ter uma fornecer uma bela trilha sonora. James Mercer é considerado um dos grandes letristas de sua geração e a banda já lançou cinco discos, sendo o mais recente (Port of Morrow) com uma nova formação. Além do The Shins, James Mercer, também tem um outro ótimo projeto: o Broken Bells, em parceria com o produtor Danger Mouse.

Confira aqui o belíssimo clipe mais recente da banda ( The Rifle’s Spiral ) e abaixo outro do disco mais recente do Shins e outra do Broken Bells:

Nanquim, Som & Fúria #19

Lenine

Lenine

Lenine já é bem conhecido e dispensa apresentações. Vou me reservar a falar apenas de seu trabalho mais recente: Chão (2011). O disco foi produzido pelo próprio filho de Lenine, Bruno Giorgi, e revela um artista que, por mais que já tenha uma carreira muitíssimo bem estabelecida, não se acomoda e ainda está em busca de novos caminhos. E, talvez seja seu disco mais radical neste sentido. Lenine usou e abusou de samples e ruídos naturais para dar forma às canções mais soturnas e pessoais de sua carreira. Um belo sopro de novidade ao som suingado pelo qual ele é conhecido. Além disso, é um disco com unidade, feito pra ser ouvido de cabo a rabo e não uma coletânea de singles tão comum à maioria dos discos. Nada está lá à toa. É uma obra de quem tem pleno domínio sobre o que está fazendo e que reafirma o porquê de Lenine ser um dos principais nomes da música brasileira nas últimas décadas.

Nanquim, Som & Fúria #18

Janelle Monáe

Janelle Monáe

Janelle Monáe já ficou mais conhecida do público brasileiro depois de se apresentar no Rock’n’Rio ano passado. Uma das maiores revelações da música nos últimos tempos, parece uma cria do James Brown com a Grace Jones que cresceu ouvindo Elvis Presley, Michael Jackson e Prince e que foi apadrinhada pelo Outkast.

Formada em artes cênicas, incorpora muitos elementos de teatro e cinema em seu trabalho. Seus primeiros discos – Metropolis: Suite I (The Chase) e The ArchAndroid (Suites II e III) – dão a sensação de serem trilhas sonoras de uma grande saga onde Janelle incorpora a figura de um andróide chamada Cindi Mayweather, uma alegoria para falar de minorias reprimidas lutando por seus direitos. São discos conceituais ambiciosos, mas que estão longe de serem maçantes. Muito pelo contrário, seu som é empolgante, extremamente coeso e consegue evitar os excessos comuns a obras experimentais e ecléticas como a dela. Baixinha e dona de um vozeirão e uma presença de palco notáveis, também impressiona pelo tanto que dança e pela forma como se veste usando roupas masculinas.

Site: http://www.jmonae.com/

Sem mais delongas, fiquem abaixo com as viciantes “Tightrope” e “Cold War”

Nanquim, Som & Fúria # 17

Gui Amabis

Gui Amabis é produtor musical e já fez trilhas sonoras de diversos filmes como “O Senhor das Armas” e “Quincas Berro D’água”. Também produziu “Caravana Seria Bloom”, o disco mais recente de sua esposa, ninguém menos que Céu, uma das principais cantoras da geração atual do Brasil.
Em 2011, lançou seu primeiro disco solo “Memórias Luso-Africanas”, inspirado nas memórias de sua avó e que conta com vocais de Céu, de Tulipa Ruiz, de Criolo, de Lucas Santtana e de Tiganá. É uma verdadeira jóia rara e pode ser baixado gratuitamente no site dele: guiamabis.com.
Dia 21 de março agora tem show dele no Sesc Vila Mariana.
Fiquem abaixo com duas preciosidades desse belo disco:

Nanquim, Som & Fúria # 16

Lucas Santtana

A primeira vez que tive contato com a música de Lucas Santtana, foi em 2000, no disco Sol da Liberdade da Daniela Mercury no qual havia uma música intitulada Itapuã @no 2000. Era uma canção alienígena no corpo do disco, mais vanguardista e ao mesmo coerente com o canibalismo de digerir e incorporar influências estrangeiras para criar coisas novas que a Daniela sempre buscou em seu trabalho. 12 anos depois, o som de Lucas Santtana ainda tem o mesmo frescor daquela época, isso porque ele tem conseguido evitar habilmente a repetição e a mesmice. Ainda não é muito conhecido do grande público, apesar de já ter sido gravado e colaborado com medalhões como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Marisa Monte.

Está lançando agora seu quinto e talvez melhor álbum: O Deus que devasta, mas também cura, repleto de colaborações com outros expoentes da nova cena musical brasileira como Céu, Kassin, Curumin, Gui Amabis e Guizado. O álbum pode ser baixado de graça em sua página no Facebook. Confere lá: http://www.facebook.com/lucas.santtana.official?sk=app_2405167945
Abaixo uma faixa de seu disco anterior (Sem Nostalgia, 2009)