Nanquim, Som & Fúria #36

Thiago Pethit

Thiago Pethit

Um dos bons nomes da nova safra de artistas brasileiros, Pethit acabou de lançar seu segundo disco, “Estrela Decadente”, com produção caprichada do onipresente Kassin. É uma bela evolução do pop retrô e ensolarado de sua estréia (o elogiado “Berlim Texas”) em direção a temáticas mais lúgrubes e densas. Ele mistura com elegância a estética dos cabarés franceses ao pop-rock de nomes como David Bowie, Elton John, Feist e a Serge Gainsbourg. Coisa fina e que pode ser baixada gratuitamente em seu site: http://www.thiagopethit.com.

Nanquim, Som & Fúria #35

Patti Smith

Patti Smith

Lenda viva e uma das grandes poetisas do rock, Patti Smith consegue se manter moderna e atual como poucos artistas. E ela consegue isto pelo simples fato de continuar curiosa. Seu disco mais recente (Banga) é reflexo disso. Sonoramente não há muita coisa de diferente do restante de sua discografia. É basicamente o mesmo rock setentista e as poesias recitadas que a consagraram, mas também é uma obra com o mesma efervescência de quando compôs seu disco de estréia (Horses). Desta vez, no lugar da jovem inspirada por Arthur Rimbaud, William S. Burroughs, e Bob Dylan, há uma mulher madura fascinada por Tarkovsky, Gogol, Mikhail Bulgakov e Amy Whinehouse. E é desta emoção da descoberta que vem o frescor de seu trabalho. Patti nos lembra que haverá bons livros que não foram lidos, grandes discos que não foram ouvidos, tabus que podem ser transgredidos e novos lugares ainda não explorados. E, como se não bastasse, ela está cantando melhor do que nunca.

Nanquim, Som & Fúria #34

Tatá Aeroplano

Tatá Aeroplano

Tatá é velho conhecido de quem acompanha a cena independente de São Paulo. Já esteve à frente das bandas Jumbo Elektro e Cérebro Eletrônico e está sempre fazendo parcerias com outros artistas. Acabou de lançar seu primeiro disco solo, um trabalho que o firma de vez como grande narrador do underground paulistano. Letrista de mão cheia, usa as histórias da noite paulistana como matéria-prima, brinca inteligentemente com as palavras e versa sobre o amor de forma crua, honesta e rasgada. Fiquem abaixo com duas pérolas de seu disco, que pode ser ouvido e baixado gratuitamente em seu site. Confiram lá: http://www.tataaeroplano.com/site/

Nanquim, Som & Fúria #33

Frank Ocean

Frank Ocean

Frank Ocean começou a carreira escrevendo anonimamente músicas para outros artistas como e ano passado lançou uma mixtape com suas composições: Nostalgia/Ultra. O trabalho fez barulho, recolheu inúmeros elogios e lhe rendeu convites para colaborações nos trabalhos mais recentes de artistas do porte de Kanye West, Jay-Z e Beyoncé. Desde então, seu debut propriamente dito ficou cercado de expectativas, pois não são poucos os que começaram a o apontar como o talento mais promissor da atual geração de artistas de Hip Hop, Soul e R&B.

As expectativas aumentaram ainda mais quando, às vésperas do lançamento de seu disco, ele soltou uma belíssima carta na qual ele tornou pública sua orientação sexual. Marketing ou não, em um universo tão machista quanto o do Hip Hop norte-americano, no qual tantos cantores ainda maltratam suas mulheres como potrancas, sua carta, além de uma amostra do talento de Ocean com as palavras, mostrou sua coragem e honestidade como artista.

Eis então que ele lança seu aguardado disco: Channel Orange. E as expectativas não foram apenas correspondidas, foram superadas. E com louvor. Frank faz R&B, Soul, Hip Hop… tudo isso e mais um pouco muito bem dosado, extremamente bem escrito e brilhantemente cantado. Cada música é uma pequena grande crônica: noites solitárias na qual o taxista vira terapeuta, jovens ricos com vidas vazias, a praia no qual ele se apaixonou por outro homem, tudo vira material para suas inspiradas letras. Um trabalho lindo de doer e digno dos grandes mestres do gênero como Ray Charles, Prince, Marvin Gaye, Outkast e Stevie Wonder.

Fiquem abaixo com o primeiro single deste discaço e uma perfomance ao vivo arrebatadora:

Nanquim, Som & Fúria #32

Victoria Legrand (Beach House)

Victoria Legrand

Não é raro acharem que se trata de um homem e não de uma mulher ao ouvir Victoria Legrand cantando, isso graças a sua singular voz de contralto que é capaz de levar qualquer um a lugares misteriosos e fascinantes. O Beach House, sua banda ao lado do guitarrista Alex Scally, faz um som calmo e melancólico, mas com atmosfera carregada e letras densas, algo muito próximo a bandas como Velvet Underground, Cocteau Twins, Big Star e Beach Boys. Já estão em seu quarto disco, Bloom, lançado este ano. Mais um ótimo trabalho para uma discografia já muito rica e consistente que vale muito a pena conhecer.

Nanquim, Som & Fúria #31

Tulipa Ruiz

Tulipa Ruiz

Flor vistosa da atual cena musical brasileira, Tulipa já estaria tocando incessantemente nas rádios AM e FM desse país se elas estivessem mais abertas a novidades. O som de Tulipa consegue ser acessível e experimental ao mesmo tempo, consegue dosar com muito talento o novo e o tradicional. Vejo nela uma evolução do tropicalismo em direção ao que há de bom no pop contemporâneo. Dona de um gogó de ouro e de letras inspiradas, Tulipa faz músicas que são belas crônicas de nossos tempos. ‘Só sei dançar com você’, uma das pérolas de seu primeiro disco (‘Efêmera’) está na trilha da novela Cheias de Charme. Ela está prestes a lançar seu aguardado segundo disco (‘Tudo Tanto’) e já disponibilizou três novas músicas para download gratuito no site do Natura Musical.

Nanquim, Som & Fúria #30

Daughn Gibson

Daughn Gibson

Uma das boas revelações de 2012 e que tem tocado direto na minha playlist por aqui. Daughn Gibson faz uma mistura que à primeira vista pode parecer estranha: country e blues com synthpop e new wave. Seu som é algo como um Johnny Cash usando sintetizadores e recursos de música eletrônica à la Depeche Mode. No vozeirão de Gibson, a narrativa do country ganha uma ambientação mais urbana com ares mais soturnos e uma bela dose de sex appeal. O disco de estreia dele se chama ‘All Hell’, vale a pena conferir.

Nanquim, Som & Fúria #29

Shirley Manson

Shirley Manson

O Garbage é uma das bandas mais bacanas que surgiram nos anos 90. É a banda que talvez melhor sintetize as principais tendências musicais da época (o grunge, o rock industrial, o punk, a música eletrônica e o trip hop) e ainda contam com uma vocalista tão carismática e exuberante como a Shirley Manson. Estavam há sete anos sem lançar nada novo por conta de problemas com gravadora, mas este ano lançaram de forma independente o classudo “Not your kind of people”, um disco que recupera o fôlego criativo de seus primeiros discos. Eles se apresentarão no Festival Planeta Terra e esse é um show que eu não perderei por nada.

Nanquim, Som & Fúria #28

Mallu Magalhães

Mallu

Mallu está crescendo a olhos vistos. A cada novo disco, e já está em seu terceiro em tão pouco tempo de carreira, ela dá passos cada vez maiores. Já havia desabrochado em seu segundo disco, produzido pelo onipresente Kassin, mas agora, sob a tutela de seu amado Marcelo Camelo, se firma de vez como uma das artistas mais talentosas de sua geração. Seu terceiro disco, “Pitanga”, é um espelho do soberbo “Toque dela” do Marcelo Camelo. É como se os dois estivessem trocando inspiradas e calorosas cartas de amor. E é difícil não se encantar com a pureza e ternura da relação dos dois.

Ela estreia a turnê de seu disco mais recente neste final de semana no Sesc Vila Mariana.

Nanquim, Som & Fúria #26

Fiona Apple

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Ao lado de Erykah Badu, Fiona é, para mim, a cantora mais fascinante dentre todas as que surgiram nos anos 1990.

Muita gente só a enxerga como louca e desajustada, especialmente por conta de seu famigerado discurso de aceitação na entrega do prêmio de revelação do ano no VMA da MTV norte-americana. Muitos se chocaram com ela dizendo ‘This world is bullshit’ numa premiação dessas, mas a passagem mais marcante neste discurso é ‘You shouldn’t model your life by what we think it’s cool or what we’re wearing or what we’re saying and everything. Go with yourselves.’. Fiona é, de fato, louca e desajustada, como qualquer outra pessoa vista de perto, mas também é uma musicista, letrista e cantora brilhantes e simplesmente não vê suas imperfeições como insultos. Ela expõe isso tanto em sua música como em entrevistas com uma franqueza atordoadora e inspiradora ao mesmo tempo. Ao ser convidada para um ensaio de uma revista, por exemplo, já chegou a pedir que fotografassem seus joanetes para que outras garotas que nasceram com a mesma deformação nos pés não se sentissem mais desconfortáveis com eles.

Sei que é pieguice, mas, para mim, as músicas da Fiona Apple tem um poder de desconstrução, de autodestruição, para, em seguida, reeguer algo mais forte. Elas retraram o doloroso processo do crescimento com mais força do que qualquer outro artista que conheço.

Depois de um hiato de sete anos, ela voltou com mais um álbum primoroso cujo título é um poema: “The Idler Wheel is wiser than the Driver of the Screw and Whipping Cords will serve you more than Ropes will ever do”. O disco só sai dia 19 de junho, mas já pode ser ouvido no site da NPR.

Segue abaixo o clipe mais recente dela e outra dentre as suas muitas músicas que mais gosto: