Charge da semana para o Jornalistas & Cia
Alberto Tamer e Estadão celebrando Bodas de Ouro.
Alberto Tamer completou no último sábado 50 anos de Estadão e de jornalismo de economia, já que foi ali no jornal que começou a escrever sobre a atividade. O feito foi celebrado pelo próprio Estadão com uma entrevista de página inteira assinada por Márcia De Chiara publicada na edição do último domingo (16/3), onde Tamer fala de economia (“Tem um furacão se armando lá fora. E o Brasil não está a salvo”), de Política (“O Lula e a equipe econômica estão acertando porque não estão inventando nada”), de Jornalismo Econômico (“Antigamente, tínhamos apenas meia dúzia de setores, era menos trabalhoso. Mas hoje você tem uma redação mais estruturada, com mais facilidade de comunicação, internet etc.”) e da própria carreira (“Comecei em 1952, cobrindo Jânio Quadros”). Sobre o primeiro furo, disse que “Naquela época, o café era todo cultivado com adubo animal. Havia teoria de que fertilizante não servia para o café. Numa reunião na Secretaria da Agricultura, fui o único repórter que ficou até o fim. Dessa reunião concluiu-se que era mais econômico e importante usar adubação química do que adubação animal na produção de café. Foi um rebuliço, uma grande revolução… Foi o meu grande furo no jornalismo econômico”.
Nessa mesma entrevista, ele conta como foi parar no Estadão: “Casei aos 25 anos, em janeiro de 1958. Nesse mesmo ano a Folha me despediu (…) em plena lua de mel (…) Desesperado, telefonei para o Abreu Sodré, que era presidente da Assembléia Legislativa.Ele me recomendou para o Julio Mesquita Neto (…) O Julio Neto disse que tinha uma vaga na economia. Aceitei (…) Estava com raiva da Folha e precisava do emprego. Fui trabalhar com o Frederico Heller, que era o editor (…) Fui a primeira pessoa que o Julio Neto admitiu, porque quem mandava na redação era o Claudio Abramo. Quando ele voltou de férias, queria me despedir e o Heller interveio. Daí o Claudio começou a me perseguir. Eu estava tão desesperado que entrava às 9 horas e saía às 22 horas. Estava humilhado, com raiva. Daí comecei a dar furo na Folha, um atrás do outro”.
Tamer, que é filho de libanês e que virou jornalista especializado em economia por acaso, já foi repórter, editorialista, correspondente internacional e é colunista há 14 anos. Tem sete livros publicados. Está atualmente com 76 anos.