Charge para o Jornalistas & Cia
O Hotel Jaraguá, na Rua Major Quedinho, centro de São Paulo, foi ponto de encontro de políticos, intelectuais, jornalistas e artistas nas décadas de 1950 a 1970. Ele ocupava os andares superiores – acima do 7º – do edifício construído para abrigar a antiga sede do Estadão. O Bar do Jaraguá era onde Carlos Lacerda, Roberto de Abreu Sodré e Herbert Levy, entre outros, cuidavam da UDN (União Democrática Nacional). Tudo acontecia ali. Nada mais natural, então, que um jovem repórter do Estadão, que iniciara sua carreira na sucursal paulista do carioca Correio da Manhã, instalada no Edifício Zarvos, do outro lado da Rua da Consolação, reservasse um apartamento do Jaraguá para sua noite de núpcias.
Assim fez. Mas incorreu em uma falha imperdoável: contou as providências aos colegas de Redação.
No dia das bodas, um colega, precocemente calvo – como o noivo – apresentou-se no final da tarde à recepção do Jaraguá: “Meu nome é Soter Souza Silva, tenho reserva para esta noite, sou jornalista do Estadão e colegas da Redação furtaram minha carteira de identidade. Peço-lhes, por favor, que não permitam de forma alguma que me incomodem nesta minha noite de núpcias”.
Quanto Soter chegou, encerrada a recepção de suas bodas, ele e a noiva, ao que consta, tiveram de rumar para o Othon Palace, na Praça do Patriarca. Sua reserva havia sido ocupada pelo colega Álvaro Tarquínio Costa, o calvo do parágrafo anterior.
Continuaram amigos para sempre.