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Charge dessa semana para o Jornalistas & Cia
Era o início da década de 1970, as redações da Abril foram transferidas do centro de São Paulo para a marginal Tietê, na Lapa A marginal tinha uma só pista (de ir e vir), qualquer garoinha e ela inundava, a editora colocou até ônibus para levar e trazer os funcionários. Eram tão bons aqueles tempos que os poucos que tinham carro podiam estacionar dentro do prédio. Motoqueiros? Nem pensar. Essa era uma instituição que nasceria duas décadas depois. Mas os office-boys, esses, sim, já existiam e sempre existirão…
Pois bem, lá estavam alguns funcionários esperando um dos dois suntuosos elevadores do “prédio da gráfica” (como ele era pejorativamente chamado naquele tempo, apesar da pompa e circunstância), com mais uma meia dúzia de pessoas, quando parou ao lado deles ninguém menos do que Victor Civita.
Ele era um homem de belo porte, magro, alto, simpático e risonho. Cheio de bons dias e boas tardes, um homem justo e liberal.
Em seguida chegou o Márcio Valente, que trabalhava no marketing e era grande amigo do pessoal da redação. Um rapaz de trato social muito fácil, bem solto.
– Boa tarde, seu Victor.
– Boa tarde. Tudo bem?
Todos já haviam cumprimentado o “dono” da Abril, mas, como todos sabemos a tendência de todos, num momento como esse, esperando o elevador ao lado do patrão, faz-se silêncio e todos ficam meio nervosos. Foi o que aconteceu ali.
Os elevadores demoraram e chegaram, ambos, ao mesmo tempo. “Seu” Victor entrou em um e, obviamente, os outros funcionários se atiraram imediatamente no outro.
O outro elevador fechou a porta e subiu ao mesmo tempo em que ouvíamos uns gritos bem altos lá fora:
– Sobe! Segura aí! Sobe!
“Seu” Victor, impecável no seu terno azul marinho, ficou em pé ao lado dos comandos da máquina e segurou a porta. Num pulo sensacional, que nos balançou a todos, entrou no elevador um office-boy carregado de envelopes. Sem pestanejar, ele olhou para o dono da Editora Abril e quase gritou, do alto de sua autoridade:
– Quarto andar, por favor!!!
Todos quase desmaiaram, pois ele havia, naquele momento, promovido “seu” Victor a ascensorista. Sábio, o mestre apertou o botão do quarto andar e, em silêncio, um meio sorriso no rosto, nos atirou um olhar cúmplice. Era um homem que, além de tudo, tinha senso de humor. O garoto começou, feliz, a assobiar e desceu no quarto andar sem nem agradecer…