O motorista atrapalhado

Charge para o Jornalistas & Cia

José Patrício, repórter fotográfico hoje no Estadão, mas na época no Diário, uma vez pegou o motorista de madrugada, depois de um plantão mais que estafante na extinta Febem, e pediu para tocar para sua casa, em Bonsucesso, bairro de Guarulhos, cidade da Grande São Paulo. Disse para onde ia e “caiu nos braços de Morfeu”, adormecendo na sequência. Acordou, algum tempo depois, com o motorista perguntando “se ele tinha dinheiro para o pedágio”.

Ainda atordoado de sono, Patrício, perguntou: “Mas, que pedágio?”. Para sua surpresa, o motorista fez cara de “olha que absurdo que esse cará tá falando” e respondeu que estava viajando para o Rio de Janeiro, para o bairro de Bonsucesso, que fica na periferia da Cidade Maravilhosa e precisava pagar o pedágio em Santa Isabel, já bem adiante de Guarulhos, na Dutra, sentido Rio. E ainda lamentou, em tom choroso: “Puxa vida, eu nunca viajo… Pensei que, finalmente, alguém tinha me deixado viajar”.

A história que mais contavam do motorista foi que ele, uma vez, demorou mais de cinco horas para ir do centro da cidade até o bairro de Cidade Tiradentes, na zona leste, realmente distante, mas não tanto assim. Por isso, ficava difícil para que seus chefes o deixassem viajar. Era certeza de confusão.

Mas voltando à tal “viagem” para o Rio, Patrício teve que pagar o pedágio e retornar, muitos quilômetros adiante, para Guarulhos. Se o motorista tivesse o dinheiro, ele pagaria o pedágio e seguiria em direção ao Rio. Cansado, o experiente fotógrafo ia acordar em algum trecho entre a periferia do Rio e o Leblon, sem passar por Bonsucesso.

A piada que circulou na Redação foi: Patrício ia acordar, olhar para o belo panorama da Baía da Guanabara e estranhar: “Nossa, aquele morrão lá na frente parece o Pão de Açúcar!”. Cinco minutos depois, ia dizer algo mais ou menos assim: “Não só parece, como é o Pão de Açúcar. Tem até o bondinho…”. Ia estranhar um pouco e pensar: “Rapaz, o Paschoal Thomeu (então prefeito de Guarulhos) não é fácil mesmo, conseguiu até trazer o Pão de Açúcar pra Guarulhos!”.

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