Deu urubu na redação

Charge para o Jornalistas & Cia

Na redação do Estadão, em meados da década de 1990, o ar condicionado não vencia o calor intenso que fazia e, por conta disso, era comum manter as janelas abertas, com vista panorâmica para o córrego da Av. Engenheiro Caetano Álvares.

Mantinha-se uma amigável convivência com os urubus que habitavam o local e que haviam feito das marquises seus pontos de descanso. Com eles dividia-se o espaço para fumar ou simplesmente espairecer um pouco. Apesar das janelas, que iam do chão ao teto, sempre abertas, nunca havia acontecido nada até que uma tarde de muito calor, um deles resolver bisbilhotar a redação. O penoso então flanou atordoadao e meio perdido entre os monitores dos computadores do JT, batendo nos móveis e nas intermináveis pilhas de papéis que povoavam as mesas, provocando correria e gritos, anormais mesmo para uma redação como eram as daquela época.

Todos da Economia do Estadão, assistiram de camarote à cena kafkiana. Jornalistas em fuga, urubu voando e vomitando (urubus fazem isso quando se sentem ameaçados), enfim, um pandemônio, até que o ser alado entrou num dos aquários  e um valente segurança foi atrás e se trancou com ele. Talvez naquela época urubu não fosse protegido pelo Ibama ou talvez não fosse crime ambiental inafiançável, o fato é que o guarda deu cacetada para todo lado, penas voaram e alguns minutos depois saiu carregando o urubu pelas patas e foi longamente aplaudido por todos. Ninguém nunca perguntou o fim que se deu ao bicho, mas houve novas palmas quando chegou o esquadrão da faxina, formado por várias mulheres que entraram no aquário munidas de esfregões, baldes e frascos e mais frascos de Bom Ar.

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