Um dos bons nomes da nova safra de artistas brasileiros, Pethit acabou de lançar seu segundo disco, “Estrela Decadente”, com produção caprichada do onipresente Kassin. É uma bela evolução do pop retrô e ensolarado de sua estréia (o elogiado “Berlim Texas”) em direção a temáticas mais lúgrubes e densas. Ele mistura com elegância a estética dos cabarés franceses ao pop-rock de nomes como David Bowie, Elton John, Feist e a Serge Gainsbourg. Coisa fina e que pode ser baixada gratuitamente em seu site: http://www.thiagopethit.com.
Lenda viva e uma das grandes poetisas do rock, Patti Smith consegue se manter moderna e atual como poucos artistas. E ela consegue isto pelo simples fato de continuar curiosa. Seu disco mais recente (Banga) é reflexo disso. Sonoramente não há muita coisa de diferente do restante de sua discografia. É basicamente o mesmo rock setentista e as poesias recitadas que a consagraram, mas também é uma obra com o mesma efervescência de quando compôs seu disco de estréia (Horses). Desta vez, no lugar da jovem inspirada por Arthur Rimbaud, William S. Burroughs, e Bob Dylan, há uma mulher madura fascinada por Tarkovsky, Gogol, Mikhail Bulgakov e Amy Whinehouse. E é desta emoção da descoberta que vem o frescor de seu trabalho. Patti nos lembra que haverá bons livros que não foram lidos, grandes discos que não foram ouvidos, tabus que podem ser transgredidos e novos lugares ainda não explorados. E, como se não bastasse, ela está cantando melhor do que nunca.
Tatá é velho conhecido de quem acompanha a cena independente de São Paulo. Já esteve à frente das bandas Jumbo Elektro e Cérebro Eletrônico e está sempre fazendo parcerias com outros artistas. Acabou de lançar seu primeiro disco solo, um trabalho que o firma de vez como grande narrador do underground paulistano. Letrista de mão cheia, usa as histórias da noite paulistana como matéria-prima, brinca inteligentemente com as palavras e versa sobre o amor de forma crua, honesta e rasgada. Fiquem abaixo com duas pérolas de seu disco, que pode ser ouvido e baixado gratuitamente em seu site. Confiram lá: http://www.tataaeroplano.com/site/
Frank Ocean começou a carreira escrevendo anonimamente músicas para outros artistas como e ano passado lançou uma mixtape com suas composições: Nostalgia/Ultra. O trabalho fez barulho, recolheu inúmeros elogios e lhe rendeu convites para colaborações nos trabalhos mais recentes de artistas do porte de Kanye West, Jay-Z e Beyoncé. Desde então, seu debut propriamente dito ficou cercado de expectativas, pois não são poucos os que começaram a o apontar como o talento mais promissor da atual geração de artistas de Hip Hop, Soul e R&B.
As expectativas aumentaram ainda mais quando, às vésperas do lançamento de seu disco, ele soltou uma belíssima carta na qual ele tornou pública sua orientação sexual. Marketing ou não, em um universo tão machista quanto o do Hip Hop norte-americano, no qual tantos cantores ainda maltratam suas mulheres como potrancas, sua carta, além de uma amostra do talento de Ocean com as palavras, mostrou sua coragem e honestidade como artista.
Eis então que ele lança seu aguardado disco: Channel Orange. E as expectativas não foram apenas correspondidas, foram superadas. E com louvor. Frank faz R&B, Soul, Hip Hop… tudo isso e mais um pouco muito bem dosado, extremamente bem escrito e brilhantemente cantado. Cada música é uma pequena grande crônica: noites solitárias na qual o taxista vira terapeuta, jovens ricos com vidas vazias, a praia no qual ele se apaixonou por outro homem, tudo vira material para suas inspiradas letras. Um trabalho lindo de doer e digno dos grandes mestres do gênero como Ray Charles, Prince, Marvin Gaye, Outkast e Stevie Wonder.
Fiquem abaixo com o primeiro single deste discaço e uma perfomance ao vivo arrebatadora:
Não é raro acharem que se trata de um homem e não de uma mulher ao ouvir Victoria Legrand cantando, isso graças a sua singular voz de contralto que é capaz de levar qualquer um a lugares misteriosos e fascinantes. O Beach House, sua banda ao lado do guitarrista Alex Scally, faz um som calmo e melancólico, mas com atmosfera carregada e letras densas, algo muito próximo a bandas como Velvet Underground, Cocteau Twins, Big Star e Beach Boys. Já estão em seu quarto disco, Bloom, lançado este ano. Mais um ótimo trabalho para uma discografia já muito rica e consistente que vale muito a pena conhecer.
Flor vistosa da atual cena musical brasileira, Tulipa já estaria tocando incessantemente nas rádios AM e FM desse país se elas estivessem mais abertas a novidades. O som de Tulipa consegue ser acessível e experimental ao mesmo tempo, consegue dosar com muito talento o novo e o tradicional. Vejo nela uma evolução do tropicalismo em direção ao que há de bom no pop contemporâneo. Dona de um gogó de ouro e de letras inspiradas, Tulipa faz músicas que são belas crônicas de nossos tempos. ‘Só sei dançar com você’, uma das pérolas de seu primeiro disco (‘Efêmera’) está na trilha da novela Cheias de Charme. Ela está prestes a lançar seu aguardado segundo disco (‘Tudo Tanto’) e já disponibilizou três novas músicas para download gratuito no site do Natura Musical.