Charge para o Jornalistas & Cia
Mais uma para coluna Memórias da redação que conta casos curiosos dos bastidores do jornalismo.
Antigamente, nas redações, se trabalhava bem mais descontraído do que nos últimos anos. Haviam demissões, censura, ditadura política, mas ninguém perdia o bom humor. Colegas de outras redações vinham se encontrar no mesmo bar que a gente, para um papo amigo, descontraído. Era muito divertido. O Boris Casoy, por exemplo, que hoje apresenta o Jornal da Bandeirantes, é um exímio imitador. Certa vez, se fazendo passar por Paulo Salim Maluf, que era o governador do Estado, em l980, convocou vários secretários estaduais para uma reunião de emergência no Palácio dos Bandeirantes. Depois, teve de ligar de novo para desmarcar, porque os secretários já estavam saindo. Ele imitava até o dono do jornal, Otávio Frias de Oliveira. Como era o editor-chefe da Folha de S. Paulo, costumava passar trotes nos editores do jornal. E um dos editores com quem ele sempre tentava aplicar uma “pegadinha” era o Roland Marinho Sierra,(atualmente é membro da Associação dos Jornalistas Aposentados) editor de Política, que havia sido assessor de imprensa do ex-presidente Jânio Quadros. Escolhia a hora de fechamento do jornal, depois das 21 horas, para ligar, num momento de mais tensão. “Alôoo Rolaaand”, com aquele jeito inconfundível de falar que o Jânio tinha. Depois dizia alguma coisa e caia na gargalhada, enquanto o Roland ficava xingando.
Uma noite, o telefone do Roland toca e de novo: “Alôooo Roland” e o editor, esta vez, não perdeu tempo: “Boris não enche o saco, vai para a p.q.p não vê que eu tô fechando”, e bateu o telefone. Logo em seguida o telefone tocou de novo e quando Roland já estava para explodir, descobre que era o próprio Jânio Quadros, de sua residência no Guarujá, tentando falar com ele. Deu azar. Ficou um tempão tendo de se explicar.