Charge dessa semana para o Jornalistas& Cia
Saul Galvão, há pouco promovido a enólogo de São Pedro, era hipocondríaco de carteirinha, e gostava de descrever as agruras que passara com cargas de micuim que pegara em criança, nos pastos da fazenda, em Jaú, tão graves que davam febre, alergia e uma coceira infernal.
Ao saber de uma pauta sobre carrapatos, na Entomologia do Butantã, Saul contou a história novamente, explicou em detalhes como era o micuim, larva de carrapato-estrela tão pequena que se torna quase invisível e que fica nos pés de carrapicho e se espalha nas pernas do incauto, quando alguém roça na planta.
A matéria no Butantã foi boa, mas estavem sem retratista levaram à redação, para fotografar, o maior carrapato que existe, uma bola do tamanho de uma ameixa, parasita do bicho-preguiça.
Feita a matéria, um engraçadinho qualquer colocou o vidro aberto, sem tampa, com a etiqueta do Butantã, na mesa do Saul. Ele revirou o sovaco do paletó que estava na cadeira e começou a espalhar pela redação que eu trouxera também amostras de micuim.
O Estadão efetivamente parou para rir do Saul, ajoelhado ao lado de sua mesa, velho isqueiro Zippo na mão, criteriosamente fumegando seu paletó, na esperança de queimar os carrapatos – inexistentes, por sinal.