Carlão Mesquita e a edição de Esportes do Estadão

Charge para o Jornalistas & Cia

A efêmera Edição de Esportes do Estadão, lançada em 1964 para se contrapor à Gazeta Esportiva, foi, de fato, um ensaio para o lançamento do Jornal da Tarde, que a iria absorver.

A montagem de uma equipe de jornalistas comandada por Mino Carta, a capacitação do parque gráfico para rodar um segundo jornal no domingo (para cobrir os acontecimentos esportivos, que a então inexistência do Estadão na 2ª.feira tornava necessária), a organização de todo o esquema de distribuição e a inovação do texto consistiu na infraestrutura que facilitaria o lançamento do JT.

No momento em que a redação montava a primeira edição, entretanto, o “alvo” era justamente a Gazeta Esportiva e a pequena redação tinha como desafio rodar o jornal antes do concorrente. Isso acabou sendo possível e foi uma festa, com toda a equipe nas oficinas, Tão Gomes Pinto, Hamiltinho Almeida, Emilio Matsumoto, entre eles, e ganharam por pouco mais de uma hora.

Carlão Mesquita, que era o diretor da Edição de Esportes, ficou tão entusiasmado com essa pequena vitória que jogou dois pacotes do jornal ainda “quentinho” dentro de um jipe velho, chamou mais dois editores, foi para a avenida Cásper Líbero, estacionando diante da saída das rotativas do concorrente. Carlão saltou do jipe e, Edição de Esportes na mão, dirigiu-se à dúzia de jornaleiros que esperavam a saída da Esportiva, para vender na Augusta, na Paulista e na Boca do Luxo. Num comício improvisado, Carlão distribuiu exemplares do novo jornal e tentou convencer os jornaleiros de que fariam melhor negócio se nos domingos à tarde passassem a vender a Edição de Esportes, porque a Esportiva já era, garantia.

Num domingo de decisão de campeonato, Mino Carta resolveu que a Edição de Esportes tinha que sair a tempo de ser vendida na porta do estádio do Pacaembu, onde se disputava a final.

Era claramente impossível, mas a liderança do Mino fez a redação inteira topar o desafio e ninguém discutiu. Como o jogo parecia decidido no começo do segundo tempo, a primeira página foi fechada com o resultado parcial (felizmente mantido até o final da partida) e foi assumido o risco de rodar alguns milhares de exemplares com um primeiro clichê, ficando uma equipe a postos para trocar a manchete se o jogo mudasse.

Mais uma vez Carlão e alguns membros da redação pegaram o jipe e seguiram para estádio do Pacaembu. Carlão gritava as manchetes, contava que o jornal já vinha com o resultado do jogo, conseguiu ser cercado por torcedores que disputavam o jornal sem se incomodar com o troco, que é claro, jornaleiros neófitos, não tínhamos pensado em levar.

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