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E, agora, a charge da semana para o Jornalistas & Cia.
Que outra profissão me permitiria tirar um sarro com o chefe e ainda ser pago por isso? Adoro ser chargista!
A história de hoje é de Eduardo Ribeiro, editor do Jornalistas&Cia. Confiram abaixo:
“Estávamos no começo dos anos 80 e eu, como já contei aqui em episódios anteriores, trabalhava na assessoria de imprensa da Villares. Há até hoje, amigos, como a Selma Severo Lins, do Jornal Nacional, aqui de São Paulo, que continua a me chamar de Dudu Villares, tal a força que um sobrenome daqueles carreava para as pessoas.
Empresa então de grande prestígio, rica, de capital nacional, a Villares tinha um Departamento de Comunicação de fazer inveja a qualquer redação de médio porte. Éramos cerca de 15 profissionais, respondendo por tudo o que envolvesse comunicação institucional. E pelas regras da empresa, uma das atribuições de quem, como eu, fazia assessoria de imprensa era facilitar ao máximo a vida dos jornalistas. Com informação, quando isso fosse possível, e com press-releases, fotografias e, sobretudo, no acompanhamento a entrevistas. Era uma espécie de obrigação levar e trazer de volta, em segurança, os repórteres que aportavam em alguma das fábricas do grupo. E íamos com nosso próprio carro, já que a empresa pagava ao final de cada mês o reembolso das despesas que tínhamos a seu serviço.
Naquele início de tarde, se a memória não me falha, minha tarefa era acompanhar o repórter José Roberto Caetano – hoje editor da revista Exame, onde está há vários anos – numa entrevista que faria para a revista Fundição e Matérias Primas, na fábrica da Aços Villares, em São Caetano do Sul.
Encontrei-o no local e horário combinados e lá fomos em minha Brasília Vermelha rumo ao ABC.
Matéria feita, tudo correndo bem, ainda meio da tarde, regressamos a São Paulo. Satisfeitos com o resultado da entrevista, estávamos já na divisa entre São Caetano e São Paulo, quando, na descida de um pontilhão, percebi que o carro ficou totalmente sem aceleração.
Joguei o carro para o lado direito e, não sem alguns xingamentos, consegui encostar com alguma segurança. Imediatamente fui ver o que tinha acontecido, mas já sabia que não era coisa boa, pois tinha visto fumaça saindo do motor.
Abri a porta de trás da Brasília e em seguida o tampo sobre o motor. Foi entrar oxigênio no para o fogo levantar. Beto Caetano, também já fora do veículo, assistia a minha total imperícia em lidar com o fogo. Com ele, um bando de curiosos, que se juntaram em alguns segundos.
Não havia muito o que fazer: era apagar o fogo ou ver o carro ser destruído. Ao pegar o extintor, percebi que não estava nem um pouco preparado para aquela ação. E que nenhuma boa alma assumiria a emergência. Era comigo.
Quando me dei conta de que não conseguiria apagar aquelas chamas com o extintor, por absoluta falta de destreza, e tendo a certeza de que daquela plateia não sairia qualquer ajuda nos, digamos assim, “procedimentos bombeirísticos”, enchi-me de brios e de ar nos pulmões e parti para cima do fogaréu com um sopro de que nunca mais vou esquecer. Um sopro divino, que imediatamente fez cessar o fogo, deixando o pobre motor da Brasília muito pretejado e esfumaçado, mas salvo das terríveis chamas.
Não foi, a bem da verdade, um sopro comparável ao daquele do lobo na história dos três porquinhos, mas serviu para apagar o fogo.
O carro se salvou e ficou numa oficina nos arredores, para a troca da fiação, que era onde o fogo havia começado. No dia seguinte, tive meu carro de volta, pronto para outra.
Não acreditam? Perguntem ao Beto Caetano…”